Países africanos querem mudar o mapa-múndi; entenda o porquê

Estados aderiram a uma campanha que pede para que as pessoas deixem de usar a chamada projeção de Mercator nas ilustrações.
Bob Furuya20/08/2025 10h29, atualizada em 20/08/2025 12h52
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Imagem: Reprodução/Correct The Map
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Quando pensamos em mapa-múndi, a primeira imagem que vem à nossa cabeça mostra o desenho dos 5 continentes mais os dois polos. Você pode não perceber, mas na maioria dos mapas, o Hemisfério Norte sempre parece maior do que o Hemisfério Sul. Mas será que ele é tão maior mesmo?

A reposta é não. Ok, a Rússia é um gigante em extensão, assim como o Canadá, os Estados Unidos e a China. O Brasil e a Austrália, porém, não ficam muito atrás. E o continente africano não é tão pequeno como parece nas ilustrações. Pelo contrário: ele é gigantesco.

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Essas distorções ocorrem por causa do modelo que utilizamos para desenhar os mapas. A projeção de Mercator data do século XVI, mas ainda é a proporção mais comum hoje em dia. Para você ter uma ideia, ela aparece em grande parte dos livros didáticos e até mesmo no Google Maps.

Se ela é imprecisa, por que continuamos usando? Essa é a premissa da campanha Correct The Map (“corrijam o mapa”, em tradução livre). Campanha que acaba de conquistar uma importante adesão nos últimos dias.

‘Corrijam o mapa’

  • A União Africana, organização que reúne todos os países do continente, aderiu ao Correct The Map na última segunda-feira (18).
  • A ideia é estimular governos, organizações, escolas e empresas a deixarem de usar a projeção de Mercator nos mapas-múndis.
  • Mais do que um erro geográfico, os criadores da campanha argumentam que existe por trás dessa história uma questão de confiança e de relações de poder.
  • No geral, os mapas mostram a África e a América do Sul com tamanhos muito próximos da realidade.
  • A distorção ocorre no Hemisfério Norte, representado por massas gigantescas de terra.
  • Essa diferença foi uma invenção do cartógrafo europeu Gerardus Mercator em 1569.
  • Mas não foi necessariamente por maldade: matematicamente falando, é difícil colocar no papel o desenho plano de um cilindro.
  • Além disso, ele entregou um desenho voltado para as grandes navegações da época.
  • Países e continentes na altura da linha do Equador ficam com a proporção real.
  • Mas quanto mais distante da linha, mais distorcidos eles são.
Mapa detalhado do mundo político na projeção de Mercato
Na projeção de Mercator, os países do Hemisfério Sul parecem pequenos em relação aos do Hemisfério Norte – Imagem: BardoczPeter/iStock

Um mapa mais equalitário

A maior distorção ocorre justamente com o continente africano, que parece ter o tamanho da Groenlândia na projeção de Mercator. Só que a África é 14 vezes maior do que esse território autônomo da Dinamarca!

Outra importante distorção diz respeito ao Brasil, que no mapa-múndi parece ter o tamanho do Alasca, sendo que, na verdade, o nosso país é 5 vezes maior.

Gerardus Mercator não tinha, à época, todas as ferramentas que temos hoje para entender essas diferenças. O que não faz sentido é a manutenção de um modelo que sabemos estar errado.

Esse é o ponto da campanha Correct The Map, que defende a adoção de outros modelos mais modernos, como o Equal Earth. Não só por uma questão geográfica, mas também de justiça e respeito, sobretudo, aos povos africanos.

O Equal Earth coloca proporções mais realistas em todos os continentes – Imagem: Reprodução/Equal Earth

As informações são da BBC.

Bob Furuya
Colaboração para o Olhar Digital

Roberto (Bob) Furuya é formado em Jornalismo pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atua na área desde 2010. Passou pelas redações da Jovem Pan e da BandNews FM.