A curiosa história do mosaico erótico roubado na Segunda Guerra

Painel representa um casal de amantes provavelmente de Pompeia, cidade romana soterrada pela erupção do Vesúvio em 79 d.C.
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 21/08/2025 05h50
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Arqueólogos acreditam que a obra data do final do século I a.C. ao século I d.C. (Imagem: Divulgação)
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O roubo de obras de arte foi uma prática comum durante a Segunda Guerra Mundial. 80 anos depois do fim do conflito, uma dessas peças foi devolvida para seu país de origem: Itália. Mais precisamente, no Parque Arqueológico de Pompeia, nos arredores de Nápoles.

Trata-se de um mosaico “doado” a um cidadão alemão por um capitão da Wehrmacht, responsável pela cadeia de suprimentos militar na Itália durante a guerra, que se estendeu de 1939 a 1945. Segundo um comunicado, herdeiros do último proprietário entraram em contato com a polícia italiana (Carabinieri) em Roma pedindo informações sobre como devolver o mosaico ao Estado italiano. 

Após investigações, ficou confirmado que se tratava de uma obra pertencente ao patrimônio estatal roubada durante a guerra. A partir daí, uma expedição diplomática organizada pelo Consulado Geral da Itália em Stuttgart, na Alemanha, trabalhou pela repatriação, concluída em setembro de 2023. 

Painel pode ter decorado o chão de um quarto de uma domus ou vila (Imagem: Divulgação)

Perguntas sem respostas

O mosaico representa um casal de amantes em uma cena erótica, com uma mulher seminua em frente a um homem deitado na cama, provavelmente da região do Vesúvio. Arqueólogos acreditam que a obra data do final do século I a.C. ao século I d.C. e pode ter decorado o chão de um quarto de uma domus ou vila.

Enquanto aguarda análise e estudo mais aprofundados, o painel será exibido temporariamente no Antiquário de Pompeia para permitir sua conservação e proteção, bem como acesso público.

“Cada artefato saqueado que retorna é uma ferida que se cura, por isso expressamos nossa gratidão à Unidade de Proteção por seu trabalho”, disse Gabriel Zuchtriegel, diretor do Parque Arqueológico de Pompeia. “A ferida não reside tanto no valor material da obra, mas em seu valor histórico; um valor severamente comprometido pelo tráfico ilícito de antiguidades.”

Repatriação foi concluída em setembro de 2023 (Imagem: Divulgação)

“Não sabemos a procedência exata do artefato e provavelmente nunca saberemos; conduziremos estudos e análises arqueométricas adicionais para apurar sua autenticidade e reconstruir sua história na medida do possível”, acrescentou. “O estudo, o conhecimento e o desfrute público desse patrimônio são as flores de lótus que crescem na lama dos roubos motivados pela ganância e pelo egoísmo daqueles que roubam artefatos arqueológicos da comunidade.”

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Viajando pela história

Agora, o mosaico integra um museu dedicado à preservar e mostrar o rico patrimônio de Pompeia, a antiga cidade romana soterrada pela erupção do Vesúvio em 79 d.C. Atualmente, o Antiquário de Pompeia abriga artefatos escavados em sítios arqueológicos da região, incluindo outros mosaicos, esculturas, cerâmica e objetos do cotidiano.

Painel está sendo exibido temporariamente no Antiquário de Pompeia (Imagem: Divulgação)

Originalmente, o museu funcionava no Palácio Bourbon de Nápoles, mas o aumento do acervo exigiu um novo espaço. O prédio atual recebe mais de 2,5 milhões de visitantes anualmente — um sobrevivente dos bombardeios da Segunda Guerra Mundial e do terremoto de 1980.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.