O ritual macabro realizado na França há 6 mil anos

Por volta de 4300 a 4150 a.C., o nordeste da França era marcado por um ritual violento de vingança e assassinato
Por Ana Julia Pilato, editado por Bruno Capozzi 22/08/2025 05h50, atualizada em 01/09/2025 19h12
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(Imagem: takkado/Shutterstock)
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No nordeste da França, duas fossas da Idade da Pedra revelaram um ritual de assassinato brutal que era realizado há mais de 6.000 anos. No local, arqueólogos encontraram esqueletos humanos de povos inimigos que invadiram a região e encontraram um destino cruel após um confronto com os habitantes locais.

Entenda:

  • Há mais de 6 mil anos, um violento ritual de assassinato era realizado pelos franceses;
  • Na época, comunidades do que hoje é o nordeste da França frequentemente entravam em confronto com invasores vindos dos arredores de Paris;
  • Após o embate, os invasores que sobreviviam eram brutalizados em rituais de vingança – chegando a ter membros decepados;
  • A descoberta é “um dos primeiros exemplos bem documentados de celebrações de vitória marcial na Europa pré-histórica”.
Fossas no nordeste da França revelaram antigo ritual de assassinato. (Imagem: Philippe Lefranc, INRAP)

Os esqueletos foram analisados por autores de um estudo publicado na Science Advances. Ao todo, a equipe examinou os restos mortais de 82 pessoas – assassinadas por volta de 4300 a 4150 a.C. por grupos locais. A descoberta é “um dos primeiros exemplos bem documentados de celebrações de vitória marcial na Europa pré-histórica”, escrevem os pesquisadores.

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Invasores foram brutalizados em antigo ritual de assassinato. (Imagem: tuulimaa/iStock)

De acordo com a equipe, uma das fossas continha esqueletos mutilados, com marcas de perfurações, fraturas e até membros decepados. As análises mostraram que essas ossadas pertenceram a invasores vindos, possivelmente, dos arredores de Paris, e que se deslocavam com frequência.

“Os membros inferiores foram [fraturados] para impedir que as vítimas escapassem, o corpo inteiro apresenta traumas contundentes e, além disso, em alguns esqueletos há algumas marcas – perfurações – que podem indicar que os corpos foram colocados em uma estrutura para exposição pública após serem torturados e mortos”, disse Teresa Fernández-Crespo, coautora do estudo, à Live Science.

Invasores eram brutalizados em antigo ritual de assassinato na França

Esqueletos tinham perfurações e membros decepados. (Imagem: Dario Lo Presti/Shutterstock)

Os autores explicam que, na época, conflitos generalizados marcavam a região. Os habitantes do que hoje é o nordeste da França viviam em assentamentos fortificados e frequentemente entravam em confronto com povos vindos dos arredores de Paris. Os invasores que não morriam no combate eram submetidos a torturas e mutilações em rituais de vingança.

“Acreditamos que eles foram brutalizados no contexto de rituais de triunfo ou celebrações de vitória que se seguiram a uma ou várias batalhas”, o que “sugere firmemente que o ato teria sido um teatro público de violência com o objetivo de desumanizar os inimigos cativos diante de toda a comunidade”, completa Fernández-Crespo.

A equipe ainda aponta que a outra fossa tinha esqueletos sem marcas de mutilação – possivelmente de habitantes locais que morreram em combate.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.