Por que falamos durante o sono?

Comportamento comum pode sinalizar distúrbios emocionais, neurológicos ou alterações na qualidade do sono, segundo especialistas
Por Simone Cordeiro, editado por Layse Ventura 26/08/2025 03h00
Homem com problemas/insônia, deitado na cama no travesseiro, olhando para nuvem cinza sobre sua cabeça, espaço de cópia
Fenômeno ocorre quando parte do cérebro permanece em estado de alerta/Shutterstock_Phoenixns
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Com certeza você já se viu em uma situação em que presenciou alguém falando enquanto estava dormindo, ou até mesmo você pode ter sido essa pessoa. Geralmente, são situações rápidas em que no meio da noite, o individuo começa a falar palavras desconexas, frases incompletas ou assuntos de conversas do dia a dia.

Embora pareça algo curioso e engraçado, você já se perguntou o real motivo para isso acontecer? O que será que está por trás de falar durante o sono? O que a ciência explica? Será que isso implica em consequências para a saúde? Isso é o que vamos descobrir a seguir, confira!

Por que algumas pessoas falam dormindo?

Mulher com características asiática cobrindo o rosto com lençol branco até a altura dos olhos deitada em uma cama.
Apesar de, na maioria dos casos, as alucinações hipnagógicas serem inofensivas, para quem vivencia, elas podem ser assustadoras (Imagem: GBALLGIGGSPHOTO / Shutterstock)

Palavras isoladas, frases completas, murmúrios, risadas, gemidos ou até gritos, geralmente é assim que acontece o sonilóquio, nome técnico para o ato de falar durante o sono. E sabe o que é mais interessante? Isso acontece com mais frequência do que imaginamos. De acordo com um estudo recente mais de 50% de todas as pessoas já tiveram a experiência de falar em voz alta enquanto dormiam.

Mas por que será que falamos enquanto estamos dormindo? De acordo com o estudo conduzido por David Peeters e Martin Dresler, o ato de falar enquanto dormimos está relacionado às diferentes etapas do sono e ao funcionamento do cérebro durante essas fases.

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Cérebro em ação

Mulher idosa pacífica dormindo de manhã ou à tarde, descansando na cama, cobrindo os olhos com as mãos da luz do dia. Senhora de idade deitada no quarto, sofrendo de dor de cabeça, enxaqueca, insônia. Vista de cima.
Ambiente inadequado com excesso de iluminação e ruídos podem atrapalhar o sono/Shutterstock_fizkes

O sono humano é dividido em ciclos que incluem o sono REM (Movimento Rápido dos Olhos) e o sono não REM. Durante o sono REM, os sonhos são mais vívidos, mas o corpo está praticamente paralisado, graças a estruturas neurais no tronco cerebral que bloqueiam os movimentos musculares. Essa paralisia impede que realizemos fisicamente o que sonhamos, como correr ou falar.

No entanto, o sonilóquio geralmente ocorre durante o sono não REM, quando essa paralisia muscular não está presente. Isso permite que o cérebro ative os músculos responsáveis pela fala, mesmo que a pessoa esteja inconsciente. Os autores explicam que a fala exige planejamento e execução de movimentos musculares rápidos, o que só é possível em fases do sono sem paralisia.

Curiosamente, também há registros de fala durante o sono REM. Isso pode acontecer quando, por breves momentos, o tronco cerebral falha em paralisar os músculos, permitindo que a pessoa fale mesmo durante um sonho. Essas descobertas mostram que o cérebro permanece parcialmente ativo durante o sono, o que explica não só a fala, mas também outros comportamentos como o sonambulismo.

O que o sonilóquio pode indicar sobre nossa saúde?

Falar durante o sono, conhecido como sonilóquio ou soniloquência, é uma parassonia comum que afeta pessoas de todas as idades. (Imagem: Pormezz / Shutterstock)

Embora falar durante o sono, seja comum e muitas vezes inofensivo, ele pode indicar alterações na saúde física ou emocional, especialmente quando ocorre com frequência ou intensidade.

Segundo a cientista do sono Theresa Schnorbach, cerca de duas em cada três pessoas falam enquanto dormem em algum momento da vida. No entanto, esse comportamento pode estar relacionado a fatores como:

  • Estresse emocional;
  • Privação de sono;
  • Consumo de álcool;
  • Ambientes desconfortáveis (temperatura inadequada e excesso de luz);
  • Transtorno de estresse pós-traumático (TEPT).

Em casos mais graves, o sonilóquio pode vir acompanhado de gritos, movimentos bruscos ou até comportamentos violentos, o que exige atenção médica. Schnorbach alerta que, se o hábito surgir repentinamente na vida adulta ou envolver sinais de sofrimento emocional, é importante consultar um especialista.

Simone Cordeiro
Colaboração para o Olhar Digital

Simone Cordeiro é jornalista formada pela Universidade Nove de Julho. Em 8 anos de experiência, passou por agências de marketing, empresas de tecnologia e indústria. Hoje, é redatora no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.