Fake news incentivam saques em bancos e BB fala em risco de “caos”

Deputados Eduardo Bolsonaro e Gustavo Gayer relacionam suposto “colapso” do banco estatal à atuação de membros do STF
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 26/08/2025 00h05, atualizada em 26/08/2025 08h17
fachada banco do brasil
Banco diz que tomará todas as medidas legais cabíveis para proteger sua reputação (Imagem: Alison Calazans/iStock)
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A Polícia Federal deve abrir uma investigação para apurar a divulgação de fake news que incentiva a retirada de valores de contas atreladas ao Banco do Brasil. A corporação foi acionada nesta segunda-feira (25) pela Advocacia-Geral da União (AGU) por meio de notícia-crime.

O banco estatal enviou um ofício à AGU alertando sobre publicações de “extrema gravidade” feitas nas redes sociais dos deputados federais Eduardo Bolsonaro e Gustavo Gayer que “incentivam a quebra da normalidade institucional” e “propagam a desordem financeira no País”.

Eles pedem aos correntistas que retirem dinheiro devido à aplicação da Lei Magnitsky contra autoridades brasileiras. “Observa-se uma ação articulada de disparo massivo de publicações que buscam aterrorizar a sociedade com a perspectiva iminente de um colapso no sistema”, diz a AGU.

sede banco do brasil
Na avaliação da AGU, as postagens têm intenção política de ‘criar desordem’ (Imagem: diegograndi/iStock)

Incentivando o caos

O deputado Gayer publicou um ‘chamado’ aos correntistas do Banco do Brasil em uma publicação intitulada “Tirem seu dinheiro dos bancos, Moraes vai quebrar o Brasil”. Já Eduardo Bolsonaro afirmou em seu canal no YouTube que o banco estatal será cortado das relações internacionais, o que o levará à falência.

Outros perfis em diferentes plataformas também foram citados pela denúncia por replicar conteúdo com teor similar gravado originalmente para o canal AuriVerde Brasil, no YouTube. A onda de desinformação teve início em 19 de agosto, segundo a Procuradoria Nacional da União de Defesa da Democracia (PNDD), unidade da AGU.

“Declarações enganosas ou inverídicas que tenham como objetivo prejudicar a imagem do Banco do Brasil não serão toleradas. O banco tomará todas as medidas legais cabíveis para proteger sua reputação, seus clientes e seus funcionários”, ressaltou o BB em um comunicado enviado à Agência Brasil.

Fachada de prédio da Polícia Federal
AGU pede investigação da PF sobre autores das notícias falsas (Imagem: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil)

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STF na mira

Na avaliação da AGU, as postagens tem intenção política ao relacionar o suposto colapso do Banco do Brasil às atividades do Supremo Tribunal Federal, “colocando a opinião pública contra o órgão judicial e constrangendo o Poder Judiciário em sua atuação típica”. Os advogados defendem a apuração da autoria dos fatos apontados, “os quais, inclusive, podem guardar correlação com investigações penais em curso no âmbito da competência originária da Suprema Corte”.

Alexandre de Moraes
Moraes recebeu sanções financeiras por suposta violação de direitos humanos (Imagem: Carlos Moura/SCO/STF)

Em julho, o governo americano anunciou sanções financeiras contra o ministro Alexandre de Moraes com base na Lei Magnitsky, que prevê bloqueio de contas bancárias, ativos e aplicações financeiras no país por violação de direitos humanos.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.