Suspeito de ameaçar Felca admite invasão a sistemas do governo

Em depoimento, jovem disse que trabalha com “serviços de informática” para compra e venda de logins por até R$ 50 mil
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 26/08/2025 15h03, atualizada em 26/08/2025 18h55
roubo de dados internet
Jovem ficará detido preventivamente em Recife (PE) (Imagem: years/iStock)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O jovem preso por suspeita de ameaçar o youtuber Felca admitiu, em depoimento à Polícia Civil, que já faturou mais de R$ 500 mil fornecendo dados sigilosos de órgãos públicos. Cayo Lucas Rodrigues dos Santos, de 22 anos, ficará detido preventivamente em Recife (PE) após passar por audiência nesta terça-feira (26). As informações são do Jornal do Commercio.

Ele foi preso em flagrante nesta segunda-feira (25) acessando o sistema da Secretaria de Defesa Social (SDS) de Pernambuco ao lado de um amigo, Paulo Vinicios Oliveira Barbosa, de 21 anos, que também foi autuado pelo crime de invasão de dispositivos informáticos. 

Ao deixar o Grupo de Operações Especiais (GOE), Cayo negou qualquer ameaça ao youtuber. “Foi eu não. Foi outra pessoa. (…) foi um grupo de internet. Eu concordo com ele [Felca]. Sou a favor dele”, disse à TV Jornal no momento em que era colocado na viatura policial. Já o amigo permaneceu em silêncio.

crianças celular
Para a Polícia Civil de São Paulo, há indícios de que Cayo faz parte de uma rede de exploração infantil (Imagem: monkeybusinessimages/iStock)

Suspeito falsificava mandados de prisão

No depoimento, Cayo disse que trabalha com “serviços de informática” desde que ficou desempregado. O trabalho envolve a compra e venda de logins de usuários de sistemas governamentais, com pagamentos por criptomoedas ou Pix (usando contas de terceiros).

O jovem contou que cobra R$ 15 mil para serviços ilegais como emissão e revogação de mandados de prisão, alterações no sistema do SUS (Sistema Único de Saúde) e da Receita Federal, além de inclusão de dívidas no Serasa. Ele também admitiu a venda de uma base de dados do Instituto de Identificação Tavares Buril pelo valor de R$ 50 mil. 

ilustração dados dna
Suspeito já faturou mais de R$ 500 mil fornecendo dados sigilosos (Imagem: flyparade/iStock)

Leia Mais:

Investigações em andamento

Para a Polícia Civil de São Paulo, há indícios de que Cayo faz parte de uma rede de exploração infantil na internet por meio de “desafios virtuais”. Os investigadores querem que Cayo seja transferido para a capital paulista. Por enquanto, ele ficará no Centro de Observação Criminológica e Triagem (Cotel), em Abreu e Lima.

“Há suspeita, de fato, que ele participe de uma organização, de uma estrutura que tem um apelo via rede discord de exploração sexual de crianças e adolescentes através de desafios. A gente colheu informações, apreendemos celulares e computadores. Tudo isso vai ser submetido para perícia e teremos desdobramentos”, disse o delegado Guilherme Caselli.

corte do vídeo do youtuber Felca sobre adultização
Youtuber recebeu ameaças por e-mail do Google (Imagem: Reprodução/YouTube/@felcaseita)

As investigações começaram após o influenciador receber ameaças de morte por denunciar o que chamou de “adultização” de crianças e adolescentes na internet. A pedido de Felca, a Justiça determinou a quebra do sigilo de um usuário do serviço de e-mail do Google.

As mensagens têm os seguintes dizeres: “e ae babaca vc acha que vai fica vc impune por denunciar o hytalo santos vc ta enganado vc vai se ferrar muito sua vida após a denunciando ele prepara pra morrer vc vai pagar com a sua vida” e “ae macaco branco vc vai morrer se prepara por sua vida vc corre risco e vc vai pagar com a vida vc e um otário pedófilo”.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.