Brasil é líder em ataques cibernéticos na América Latina, segundo relatório

Relatório aponta mais de 550 mil ofensivas no 1º semestre de 2025, com telecomunicações entre os principais alvos
Por Leandro Costa Criscuolo, editado por Bruno Capozzi 27/08/2025 07h11, atualizada em 27/08/2025 21h31
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Um novo relatório da Netscout mostra que o Brasil foi o país mais visado por ataques de negação de serviço distribuído (DDoS) na América Latina no primeiro semestre de 2025. Foram mais de 550 mil ataques em apenas seis meses, um crescimento de 55% em relação ao período anterior.

No total, a região latino-americana registrou mais de 1 milhão de incidentes. No Brasil, os setores mais afetados foram telecomunicações móveis, provedores de hospedagem e infraestrutura de dados, além de outras empresas de telecomunicações.

Juntas, essas áreas concentraram a maior parte dos ataques, que chegaram a atingir picos de 2 Tbps (terabits por segundo) de tráfego malicioso.

O setor bancário, o transporte rodoviário de cargas e até mesmo organizações religiosas também entraram na lista de alvos. Em todos os casos, os ataques tiveram duração média de dezenas de minutos, suficientes para causar lentidão e instabilidade em serviços digitais.

Imagem-conceito para nota sobre ataque DDoS
Brasil ultrapassa meio milhão de incidentes DDoS em 2025, enquanto grupos hacktivistas e IA ampliam a ameaça global – Frame Stock Footage/Shutterstock

Hacktivismo e uso de IA elevam riscos

  • O estudo aponta que ataques DDoS vêm se tornando mais sofisticados. Grupos hacktivistas, como o “NoName057(16)”, coordenam centenas de ofensivas por mês contra governos e empresas em diferentes países.
  • Além disso, a popularização de serviços de “DDoS sob demanda” facilita que até usuários inexperientes lancem campanhas complexas.
  • Outro fator de preocupação é o uso de inteligência artificial. Técnicas de automação, ataques multivetoriais e ferramentas como WormGPT e FraudGPT estão tornando as ofensivas mais rápidas e difíceis de conter.
  • Botnets formadas por dispositivos IoT, roteadores e servidores comprometidos também ajudam a sustentar ataques prolongados.

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Crescimento de 55% em seis meses revela avanço de hacktivistas e uso de IA em ofensivas digitais cada vez mais sofisticadas (Imagem: SomYuZu/Shutterstock)

Tendência global

O relatório identificou mais de 8 milhões de ataques no mundo apenas no primeiro semestre de 2025, com registros de ofensivas massivas, incluindo um ataque de 3,12 Tbps na Holanda.

Conflitos geopolíticos também têm funcionado como gatilho: o confronto entre Irã e Israel, por exemplo, gerou mais de 15 mil ataques contra alvos iranianos em junho.

Para especialistas, a escalada confirma que os ataques DDoS deixaram de ser apenas uma ameaça técnica e se tornaram armas digitais de impacto global, capazes de afetar desde a economia até a segurança de países.

“As defesas tradicionais já não são suficientes. Com a integração de IA e a evolução das táticas de ataque, as organizações precisam investir em estratégias mais inteligentes para proteger suas redes”, alerta Richard Hummel, diretor de inteligência de ameaças da Netscout.

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Infraestrutura de telecomunicações e bancos estão entre os setores mais atingidos por ofensivas DDoS (Imagem: Song_about_summer / Shutterstock.com)
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.