12 mil anos atrás, um homem foi morto com uma flechada. Hoje, a Ciência reconta sua história

Há 12 mil anos, um homem morreu após ser atingido por uma flecha de quartzo no Vietnã. Arqueólogos conseguiram 'voltar no tempo' para entender sua história
Por Ana Julia Pilato, editado por Bruno Capozzi 28/08/2025 05h40
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(Imagem: Lemi85/Shutterstock)
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Há 12 mil anos, uma flecha de quartzo causou a morte de um homem no que hoje é o Vietnã. É o que sugere um estudo publicado no Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, que também aponta que a vítima apresentava uma anomalia congênita relacionada às costelas.

Entenda:

  • Há 12 mil anos, um homem morreu após ser atingido por uma flecha de quartzo no Vietnã;
  • Um estudo sugere que a vítima – chamada de TBH1 – até conseguiu sobreviver ao ferimento, mas morreu algum tempo depois em decorrência de uma infecção;
  • Além disso, os pesquisadores também descobriram que o homem tinha uma costela a mais perto do pescoço – anomalia conhecida como costela supranumerária;
  • O uso de quartzo em pontas de flecha era incomum na região, apontam os autores.
TBH1 foi atingido por flecha de quartzo. (Imagem: CM Stimpson/Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences)

De acordo com os autores do estudo, o homem – chamado de TBH1 – até conseguiu sobreviver ao ferimento, mas, meses depois, acabou morrendo em decorrência de uma infecção. Ele tinha cerca de 35 anos quando morreu, e sua ossada foi descoberta em 2018 na caverna Thung Binh 1, ao norte do Vietnã.

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Vítima tinha anomalia anatômica

TBH1 foi encontrado em posição fetal, com o rosto apoiado nas mãos. A cabeça havia sido esmagada, mas foi possível reconstruir o crânio e a mandíbula. Além disso, com análises mais aprofundadas, os pesquisadores descobriram que o homem tinha uma costela extra perto do pescoço – anomalia conhecida como costela supranumerária.

TBH1 tinha costela extra. (Imagem: CM Stimpson; A. Wilshaw; B. Utting/Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences)

No estudo recente, a equipe explica que o padrão é que os humanos tenham 12 pares de costelas, mas cerca de 0,2% a 1% das pessoas possuem uma costela a mais. No caso de TBH1, essa costela estava fraturada e tinha sinais de infecção.

“TBH1 sobreviveu à lesão inicial, talvez por alguns meses”, escrevem os autores. Porém, sem tratamento eficaz, o homem pode ter desenvolvido infecções bacterianas e “de outras naturezas”.

Flecha de quartzo que matou homem no Vietnã era incomum

Esqueleto foi encontrado em caverna no norte do Vietnã. (Imagem: CM Stimpson/Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences)

Perto da costela extra, a equipe encontrou uma pequena lasca triangular de quartzo com cerca de 18 milímetros de comprimento, que provavelmente foi usada em um dardo ou flecha, explicou Christopher Stimpson, coautor do estudo, à Live Science.

A descoberta, porém, “não corresponde a nenhuma outra ferramenta de pedra de Thung Bunh 1 ou de sítios próximos, levantando questões sobre quem a fez e de onde veio”, completa Benjamin Utting, também coautor da pesquisa.

As condições sugerem que TBH1 foi vítima de “violência interpessoal”, e provavelmente recebeu cuidados da comunidade.

Ana Julia Pilato
Colaboração para o Olhar Digital

Ana Julia Pilato é formada em Jornalismo pela Universidade São Judas (USJT). Já trabalhou como copywriter e social media. Tem dois gatos e adora filmes, séries, ciência e crochê.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.