Teoria de Einstein comprova “zoom” no espaço em novo estudo

Fenômeno descrito por Albert Einstein ajudou pesquisadores a observarem uma galáxia a 6 milhões de anos-luz da Terra
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 31/08/2025 06h00
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Imagem da galáxia RXJ1131-1231 capturada pelo Hubble. Lentes gravitacionais ajudam pesquisadores a observá-la.(Imagem: X-ray: NASA/CXC/Univ of Michigan/R.C.Reis et al; Optical: NASA/STScI)
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Na busca por gases frios ao redor de uma galáxia, pesquisadores receberam ajuda de um fenômeno descrito por Einstein há mais de 100 anos. Disponível no servidor de pré-impressão arXiv, o estudo revela como o espaço-tempo deu “zoom” em um brilhante quasar.

Os astrônomos se depararam com um intrigante fenômeno gravitacional enquanto estudavam RXJ1131-1231, uma galáxia ativa a 6 milhões de anos-luz da Terra. Em seu centro há um quasar, um astro supermassivo formado quando buracos negros gigantes começam a se alimentar de grandes quantidades de matéria.

Dupla de lentes gravitacionais aproximou galáxia dos cientistas

No caminho para RXJ1131-1231, há uma dupla de lentes gravitacionais, um fenômeno descrito pelo físico Albert Einstein em 1915 em sua Teoria da Relatividade Geral. Esse efeito corre quando objetos massivos entre a Terra em um astro distante dobram o espaço-tempo como uma lente colossal, conhecida como “macrolente”.

Esse fenômeno também pode ocorrer de forma mais leve, nomeada de “microlente”, quando um corpo cósmico menos massivo que uma galáxia altera minimamente a imagem de um astro distante.

A equipe observava a galáxia RXJ1131-1231 com o telescópio Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, quando registraram três imagens distintas, cada uma com variações no brilho. O fenômeno despertou a curiosidade dos astrônomos, que decidiram investigá-lo com mais profundidade.

Pesquisadores estão em busca de entender o quasar no centro de RXJ1131-1231. (Imagem: X-ray: NASA/CXC/Univ of Michigan/R.C.Reis et al; Optical: NASA/STScI)

O grupo percebeu que a dupla de lentes gravitacionais, macro e micro, deu um efeito de “zoom duplo” para suas observações. Isso faz com que a galáxia pareça três vezes maior do que o normal. Segundo os autores, isso pode ocorrer devido à presença de uma estrela entre a galáxia e a Terra, que faria o trabalho da microlente.

“Com esse ‘zoom duplo’, a ampliação pela galáxia e a pela estrela, é como se você estivesse colocando duas lupas uma em cima da outra”, explicou Matus Rybak, astrônomo da Universidade de Leiden, na Holanda, e líder da pesquisa, em um comunicado.

Observações futuras podem revelar mais sobre o quasar

Os pesquisadores estudam RXJ1131-1231 desde 2015, tendo registrado em 2020 variações no brilho do quasar. As análises revelaram que ele oscila no decorrer dos anos, emitindo uma radiação de ondas milimétricas, um tipo geralmente liberado por gás e poeira com movimentações lentas.

O grupo acredita que essa radiação indica a presença de um faixa de material quente e altamente magnética em forma de rosca, conhecida como “corona”, ao redor do buraco negro supermassivo.

Ilustração de uma corona ao redor de um buraco negro supermassivo (Imagem: RIKEN / Universidade de Leiden)

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Agora, os astrônomos pretendem seguir estudando RXJ1131-1231. Para investigar melhor seu quasar, a equipe utilizará o telescópio de raios-x Chandra, capaz de medir a temperatura e a intensidade dos campos magnéticos ao redor do buraco negro supermassivo.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.