Partido Republicano agora está reclamando do Gmail

Comissão Federal de Comércio enviou carta ao CEO da Alphabet alegando prática desleal envolvendo republicanos e democratas
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 01/09/2025 04h02, atualizada em 01/09/2025 08h00
Logo do Gmail em um smartphone
Gmail foi alvo de ataque dos iranianos (Imagem Mojahid Mottakin/Shutterstock)
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O Google estaria encaminhando para o spam do Gmail mensagens de arrecadação de fundos enviadas pelo Partido Republicano, enquanto entrega normalmente e-mail do Partido Democrata para a caixa de entrada. A acusação está em uma carta enviada pelo presidente da Comissão Federal de Comércio, Andrew Ferguson, à empresa.

No documento endereçado ao CEO da Alphabet, Sundar Pichai, Ferguson diz que a big tech estaria violando regras da Lei FTC (Comissão Federal de Comércio) relacionadas à “administração partidária do Gmail”, e retoma queixas antigas de republicanos já analisadas e rejeitadas pela Comissão Eleitoral Federal dos EUA.

A comissão atua na prevenção de métodos desleais de concorrência e atos ou práticas desleais ou enganosas no comércio, além de busca de reparação monetária. A agência tem o poder de conduzir investigações e elaborar relatórios ou recomendações legislativas ao Congresso americano.

partidos democrata e republicano
Comissão Federal Eleitoral rejeitou acusação semelhante em 2023 (Imagem: Adrian Vidal/iStock)

“Meu entendimento, a partir de reportagens recentes, é que os filtros de spam do Gmail rotineiramente impedem que mensagens cheguem aos consumidores quando essas mensagens vêm de remetentes republicanos, mas não bloqueiam mensagens semelhantes enviadas por democratas”, escreveu.

A reportagem citada foi publicada pelo New York Post e cita um suposto teste conduzido por uma empresa de consultoria no envio de e-mails com links de doação do WinRed e do ActBlue. Os e-mails republicanos foram sinalizados como spam, enquanto os democratas não, de acordo com a matéria.

A carta dizia a Pichai que se “os filtros do Gmail impedissem os americanos de receber a expressão que esperam, ou de fazer doações como bem entendessem, os filtros poderiam prejudicar os consumidores americanos e violar a proibição de práticas comerciais desleais ou enganosas da Lei FTC”. Ferguson acrescentou que qualquer “ato ou prática inconsistente poderia levar a uma investigação da FTC e a uma possível ação coercitiva”.

bandeira estados unidos
E-mails republicanos foram sinalizados como spam, diz reportagem (Imagem: rarrarorro/iStock)

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Google se pronunciou

Em comunicado enviado ao site Ars Technica, o Google diz que vai analisar a carta enviada por Ferguson e que pretende “interagir de forma construtiva”.

“Os filtros de spam do Gmail analisam uma variedade de sinais objetivos do usuário — como se um usuário marca um e-mail como spam ou se uma agência de publicidade específica está enviando um alto volume de e-mails em nome de seus clientes, que frequentemente são marcados pelos usuários como spam. Isso se aplica igualmente a todos os remetentes, independentemente de ideologia política”, afirmou o Google.

Google diz que vai analisar carta enviada pela Comissão Federal de Comércio (Imagem: Benjamin Robinson/iStock)

Figurinha repetida

Em outubro de 2022, o Comitê Nacional Republicano (RNC) processou o Google acusando a plataforma de irregularidades no seu filtro de spam. À época, a empresa de tecnologia informou que e-mails políticos não estão isentos da política de spam do Gmail. O RNC apelou, mas a Justiça acatou todos os pedidos do Google e o caso foi encerrado.

A Comissão Eleitoral Federal também rejeitou uma denúncia do comitê republicano em 2023, alegando que o estudo apresentado pelo partido “não apresenta nenhuma conclusão sobre os motivos pelos quais o filtro de spam do Google parece tratar e-mails de campanha republicanos e democratas de forma diferente”.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.