O sistema de saúde brasileiro gastou R$ 1,2 bilhão com internações de pacientes diagnosticados com dengue e chikungunya entre 2015 e 2024. Os dados foram estimados pela consultoria Planisa, especializada em gestão de saúde e custos hospitalares, com base em um estudo publicado na revista científica The Lancet Regional Health.
A pesquisa considera 1.125.209 casos de chikungunya, dos quais 21.336 (1,9%) necessitaram de hospitalizações; e 13.741.408 ocorrências de dengue, sendo que 455.899 (3,3%) resultaram em internações. A partir daí, a consultoria calculou a média do custo das internações em hospitais brasileiros para concluir que os gastos totais com pacientes com dengue foram de R$ 1,15 bilhão e de R$ 56,6 milhões nos casos de chikungunya ao longo de quase dez anos.
No ano passado, outro levantamento mostrou que cada paciente com dengue custou, em média, para o sistema de saúde hospitalar, R$ 3.323, considerando diárias de $ 898 cobradas entre janeiro de 2023 e março de 2024.

“Os desafios da saúde no Brasil são recorrentes e muitos têm origem na deficiente estrutura sanitária, o que ocasiona internações hospitalares que poderiam ser evitadas”, disse o diretor de Serviços da Planisa, Marcelo Carnielo.
Doença ainda preocupa
De janeiro a agosto deste ano, o Ministério da Saúde contabilizou mais de 1,5 milhão de casos prováveis de dengue, além de 1.609 mortes confirmadas pela doença e 354 em investigação, segundo dados do Painel de Monitoramento das Arboviroses. No mesmo período, o país registrou 120 mil casos prováveis de chikungunya, além de 110 mortes confirmadas pela doença e 70 em investigação.
No início do ano, a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) emitiu um alerta epidemiológico sobre o aumento do risco de surtos de dengue nas Américas devido à crescente circulação do sorotipo DENV-3 em vários países da região, incluindo Brasil, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, México e Peru.
“O ressurgimento do DENV-3, após uma ausência prolongada em algumas áreas da região, aumenta a vulnerabilidade de populações que não foram previamente expostas a esse sorotipo”, explicou a entidade naquele momento.

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Vacina pode mudar essa realidade
O Brasil lidera o número de casos de dengue nas Américas (87%) — e também por isso tem encabeçado as pesquisas de uma vacina que pode ajudar a reduzir a circulação do vírus transmitido pelo mosquito Aedes aegypti.
Em junho, o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, informou que o imunizante desenvolvido pelo Instituto Butantan pode ser disponibilizado em um programa nacional de imunização já no início de 2026. Mas isso ainda depende da aprovação final da Anvisa, como explicamos aqui.
A vacina apresentou quase 80% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática. Os resultados da fase 3 do ensaio clínico ainda apontaram para uma proteção de 89% contra dengue grave e dengue com sinais de alarme, além de eficácia e segurança prolongadas por até cinco anos.

Já para os casos de chikungunya, o Brasil conta com um imunizante aprovado pela Anvisa desde abril. O Instituto Butantan será o responsável pela produção da vacina IXCHIQ, aplicada em dose única em pessoas acima de 18 anos, com exceção de grávidas e imunossuprimidos.