O arsenal secreto da Coreia do Norte: o que realmente sabemos

A Coreia do Norte mantém arsenal secreto de mísseis e ogivas nucleares, com capacidade de atingir EUA, Europa e Austrália
Por Valdir Antonelli, editado por Bruno Capozzi 03/09/2025 05h30
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Crédito: Vitalii X/Shutterstock
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A Coreia do Norte, sempre que pode, procura demonstrar seu poderio militar com o lançamento de mísseis. A última demonstração ocorreu no dia 24 de agosto, quando dois mísseis de defesa aérea de curto alcance foram disparados, segundo matéria no Euronews.

Mas a verdade é que pouco sabemos sobre a capacidade de combate do país, que é um dos mais fechados do mundo. No entanto, em comunicado da Agência Central de Notícias da Coreia (KCNA), os dois mísseis lançados têm “capacidade de combate superior”.

Estimasse que a Coreia do Norte teria material suficiente para produzir até 90 ogivas nucleares. Crédito: KCNA

Arsenal basicamente desconhecido

No comunicado, a KCNA, agência de notícias oficial do governo norte-coreano, não divulga detalhes de seus mísseis, mas afirma que seu “modo de operação e reação é baseado em tecnologia única e especial”, afirma o Euronews. A agência também não divulgou onde o lançamento ocorreu.

Apesar da dificuldade em comprovar as informações sobre o parque militar do país, relatório do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS) publicado em agosto, traz luz em relação ao poderio dos armamentos em poder do governo norte-coreano, inclusive alertando para a construção “de uma série de bases de operação de mísseis não declaradas”, indicando que não existe nenhum esforço pela desmilitarização do país.

O relatório traz informações que a Coreia do Norte construiu uma base militar secreta próxima à fronteira com a China, de onde, possivelmente, sairiam mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs) com capacidade nuclear. Esses mísseis poderiam alcançar os Estados Unidos, Europa e Austrália, segundo a CSIS.

Líder da Coreia do Norte, Kim Jong-Un
Última demonstração de força de Kim Jong-un ocorreu no dia 24 de agosto, quando dois mísseis de defesa aérea de curto alcance foram disparados. Crédito: KCNA/Fotos Públicas

Leia mais:

Eles representam uma ameaça nuclear potencial para o Leste Asiático e para os Estados Unidos continentais.

Trecho do relatório da CSIS, publicado no site ABC News da Austrália.

A base é uma das até 20 instalações de mísseis nunca declarados pela Coreia do norte, afirma o CSIS.

Mas qual o real arsenal em poder da Coreia do Norte?

O CSIS explica em seu relatório que a base de mísseis de Sinpung-dong, localizada a apenas 27 quilômetros da fronteira com a China, deve conter entre “seis e nove mísseis balísticos intercontinentais Hwasong-15 e Hwasong-18, com seus respectivos lançadores ou transportadores”.

Pyongyang vem testando míssil balístico de longo alcance que pode alcançar os Estados Unidos. Crédito: Creativa Images/Shutterstock

O Hwasong-15, ou KN-22, tem cerca de 22,5 metros de comprimento e alcança alvos a até 13 mil quilômetros de distância. O míssil, segundo a Euronews vem sendo desenvolvido desde 2017, quando houve seu primeiro lançamento e, segundo relatos, “voou por 53 minutos e 4475 quilômetros até cair próximo à costa do Japão.

Mas a Coreia do Norte possui outros mísseis:

  • Hwasong-15 (KN-22): ICBM, alcance até 13.000 km, ~22,5 m, ogiva pesada supergrande (nuclear), primeiro teste em 2017.
  • Hwasong-18: ICBM de combustível sólido, vantagens de lançamento rápido, fácil manuseio e armazenamento.
  • Hwasong-19: ICBM testado pela primeira vez em novembro de 2024, desenvolvido como resposta a EUA/Coreia do Sul.
  • Hwasong-9: míssil de médio alcance, alcance 1.000 km, ~13,5 m, peso 6.400 kg, ogiva convencional/nuclear/química/biológica.
  • Hwasong-6: míssil de curto alcance, alcance 500 km, ~10,9 m, ogiva até 770 kg, em serviço desde 1991, exportado a vários países.
  • Novos mísseis antiaéreos (2025): curto alcance, projetados para destruir drones e mísseis de cruzeiro, tecnologia “única e especial”.
  • Ogivas nucleares: estimadas até 90 possíveis, cerca de 50 montadas (dados FAS 2024).

Esses mísseis, de acordo com a Federação de Cientistas Americanos (FAS) podem conter artefatos nucleares. A FAS, em 2024, estimou que a Coreia do Norte “teria material suficiente para produzir até 90 ogivas nucleares”, explica a Euronews.

No entanto, é bom reforçar que essas informações são estimativas, já que é quase impossível saber ao certo a quantidade de mísseis em poder da Coreia do Norte.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.