Mais da metade dos brasileiros já deixou de estudar por falta de internet, revela pesquisa

Levantamento aponta que os brasileiros de baixa renda podem ficar sete dias ou mais sem acesso à internet móvel durante um mês
Alessandro Di Lorenzo04/09/2025 09h12, atualizada em 04/09/2025 21h19
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Uma pesquisa realizada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em conjunto com o Instituto de Defesa de Consumidores (Idec) revela a desigualdade na conexão digital no Brasil. O principal ponto analisado foi o tempo sem internet móvel devido à falta de franquia de dados.

No total, 593 usuários dos serviços de telefonia celular (pré e pós-paga) ou banda larga fixa de todo o país participaram do levantamento por telefone. As entrevistas aconteceram entre agosto de 2023 e junho de 2024.

Uma importante parcela da população brasileira não tem acesso à internet todos os dias (Imagem: i am Em/Shutterstock)

Prejuízos causados pela falta de acesso à internet

A pesquisa revela que 35% das pessoas com renda de até um salário mínimo e 35,6% das que recebem entre um e três salários mínimos ficaram sete dias ou mais sem acesso à internet móvel nos 30 dias anteriores ao estudo.

Esse cenário se agrava para os consumidores de menor renda: 11,6% ficaram mais de 15 dias desconectados, valor quase seis vezes maior do que o observado entre aqueles com renda superior a três salários mínimos (2,2%).

Fachada da Anatel em Brasília (DF)
Pesquisa foi realizada pela Anatel (Imagem: edusma7256/Shutterstock)

A falta da franquia de dados no celular e o acesso ao Wi-Fi ainda fizeram que 63,8% dos brasileiros deixassem de utilizar serviços bancários ou financeiros. Para 56,5%, a falta de conectividade impediu o acesso a plataformas de serviços do governo, enquanto 55,2% deixaram de estudar e 52,3% deixaram de acessar serviços de saúde.

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Ilustração do Brasil com traços de acessos à internet
Levantamento revela a desigualdade na conexão digital no Brasil (Imagem: reprodução/Gov.br)

Inclusão digital ainda está longe de ser uma realidade

  • O trabalho também revelou disparidade na compra de celulares por faixa de renda.
  • Entre os indivíduos com renda de até um salário mínimo, 51% declararam ter aparelhos com valor inferior a RS 1 mil.
  • Em contrapartida, nas faixas de renda mais elevadas, predominam os dispositivos mais caros, evidenciando a influência da barreira financeira no acesso a dispositivos mais modernos.
  • Para a conselheira diretora da Anatel Cristiana Camarate, “os resultados da pesquisa apontam caminhos para aperfeiçoar iniciativas específicas de desenvolvimento da conectividade significativa, visando à inclusão digital de todos os cidadãos”.
  • As informações são da Agência Brasil.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.