Túnel Santos-Guarujá: Caminho que demora uma hora vai levar um minuto

Túnel de 1,5 km, construído em módulos de concreto submersos, vai ligar Santos ao Guarujá sob o canal do porto; entenda como ele será montado
Pedro Spadoni05/09/2025 11h46
Montagem com ilustração e mapa mostrando túnel entre Santos e Guarujá
(Imagem: Divulgação)
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Dá para trafegar entre Santos (SP) e Guarujá (SP) pelo asfalto ou pela água. No asfalto (carro, moto, ônibus), a viagem pode demorar até uma hora. Na água (balsas e barcos pequenos), cerca de 20 minutos. Já no túnel imerso que será construído entre as cidades, o trajeto deve levar até dois minutos.

Um passo importante para concretizar esse novo cenário vai ser dado nesta sexta-feira (05). Isso porque o leilão para esta obra está marcado para às 16h, na sede da B3, em São Paulo (SP). Duas empresas vão disputar o certame: a espanhola Acciona Concesiones e a portuguesa Mota-Engil.

Como será o túnel imerso entre Santos e Guarujá

O túnel terá 1,5 km de extensão630 metros elevado e 870 metros imersos. A estrutura vai ter seis módulos de concreto pré-moldados numa doca seca. E será assentada a 21 metros de profundidade.

Visão aérea da região onde túnel entre Santos e Guarujá será construído
Túnel construído em módulos de concreto submersos vai ligar Santos ao Guarujá sob o canal do porto (Imagem: Reprodução/Governo federal)

“Cada peça é construída em terra firme, testada e depois transportada por flutuação até o local de instalação. Lá, os blocos são cuidadosamente afundados, encaixados no leito do canal e protegidos por camadas de areia e pedras”, informou o Ministério de Portos e Aeroportos, segundo o G1.

A expectativa é que a passagem permita o tráfego de caminhões, bicicletas, pedestres, veículos de passeio e transporte público. Atualmente, cerca de 78 mil pessoas fazem a travessia por dia.

Como construir um túnel imerso entre Santos e Guarujá

A primeira etapa é a preparação do leito. Ela vai envolver a escavação de uma trincheira no fundo do canal e a aplicação de base de concreto para suporte. Em paralelo, os módulos serão construídos em doca seca e submetidos a testes de vedação e resistência.

A segunda etapa é o transporte e a submersão controlada. Rebocadores levam os módulos até o ponto exato de instalação. A água é bombeada para afundar as estruturas gradualmente, com monitoramento eletrônico. 

Posicionados, os blocos são encaixados e nivelados com sistemas hidráulicos, fixados com pinos de aço e assentados sobre uma “cama” de areia.

Túnel entre Santos e Guarujá vai ter seis módulos de concreto pré-moldados que depois serão mergulhados (Imagem: Reprodução/Prefeitura de Santos)

A terceira etapa é a proteção final. A estrutura é recoberta por uma camada de pedras, que protege o túnel contra impactos de embarcações e movimentações naturais das correntes marítimas (saiba mais nesta matéria do Olhar Digital).

Por que fazer um túnel imerso

A opção considerou, sobretudo, as condições geotécnicas do estuário: o solo da região é composto por argilas moles e sedimentos fluviais, o que não oferece estabilidade suficiente para escavações profundas.

Segundo o ministério, o túnel imerso também traz vantagens ambientais e urbanas: menos desapropriações e impacto visual, além da execução mais rápida e eficiente.

A construção de uma ponte foi descartada por restrições da Base Aérea de Santos e pelo intenso tráfego de navios no canal portuário, de acordo com a pasta.

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O leilão

A vencedora do leilão será a companhia que oferecer o maior desconto sobre a parcela mensal paga pelo poder público durante a concessão.

A empresa ganhadora ficará responsável pela construção, operação e manutenção da estrutura. O contrato entre governos (federal e estadual) e a iniciativa privada terá duração de 30 anos, com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões.

O projeto deve se tornar a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. A previsão de conclusão é 2031, informou a Secretaria de Parcerias do governo de São Paulo ao Olhar Digital.

Pedro Spadoni
Redator(a)

Pedro Spadoni é jornalista formado pela Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep). Já escreveu para sites, revistas e até um jornal. No Olhar Digital, escreve sobre (quase) tudo.

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