Dá para trafegar entre Santos (SP) e Guarujá (SP) pelo asfalto ou pela água. No asfalto (carro, moto, ônibus), a viagem pode demorar até uma hora. Na água (balsas e barcos pequenos), cerca de 20 minutos. Já no túnel imerso que será construído entre as cidades, o trajeto deve levar até dois minutos.
Um passo importante para concretizar esse novo cenário vai ser dado nesta sexta-feira (05). Isso porque o leilão para esta obra está marcado para às 16h, na sede da B3, em São Paulo (SP). Duas empresas vão disputar o certame: a espanhola Acciona Concesiones e a portuguesa Mota-Engil.
Como será o túnel imerso entre Santos e Guarujá
O túnel terá 1,5 km de extensão – 630 metros elevado e 870 metros imersos. A estrutura vai ter seis módulos de concreto pré-moldados numa doca seca. E será assentada a 21 metros de profundidade.

“Cada peça é construída em terra firme, testada e depois transportada por flutuação até o local de instalação. Lá, os blocos são cuidadosamente afundados, encaixados no leito do canal e protegidos por camadas de areia e pedras”, informou o Ministério de Portos e Aeroportos, segundo o G1.
A expectativa é que a passagem permita o tráfego de caminhões, bicicletas, pedestres, veículos de passeio e transporte público. Atualmente, cerca de 78 mil pessoas fazem a travessia por dia.
Como construir um túnel imerso entre Santos e Guarujá
A primeira etapa é a preparação do leito. Ela vai envolver a escavação de uma trincheira no fundo do canal e a aplicação de base de concreto para suporte. Em paralelo, os módulos serão construídos em doca seca e submetidos a testes de vedação e resistência.
A segunda etapa é o transporte e a submersão controlada. Rebocadores levam os módulos até o ponto exato de instalação. A água é bombeada para afundar as estruturas gradualmente, com monitoramento eletrônico.
Posicionados, os blocos são encaixados e nivelados com sistemas hidráulicos, fixados com pinos de aço e assentados sobre uma “cama” de areia.

A terceira etapa é a proteção final. A estrutura é recoberta por uma camada de pedras, que protege o túnel contra impactos de embarcações e movimentações naturais das correntes marítimas (saiba mais nesta matéria do Olhar Digital).
Por que fazer um túnel imerso
A opção considerou, sobretudo, as condições geotécnicas do estuário: o solo da região é composto por argilas moles e sedimentos fluviais, o que não oferece estabilidade suficiente para escavações profundas.
Segundo o ministério, o túnel imerso também traz vantagens ambientais e urbanas: menos desapropriações e impacto visual, além da execução mais rápida e eficiente.
A construção de uma ponte foi descartada por restrições da Base Aérea de Santos e pelo intenso tráfego de navios no canal portuário, de acordo com a pasta.
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O leilão
A vencedora do leilão será a companhia que oferecer o maior desconto sobre a parcela mensal paga pelo poder público durante a concessão.
A empresa ganhadora ficará responsável pela construção, operação e manutenção da estrutura. O contrato entre governos (federal e estadual) e a iniciativa privada terá duração de 30 anos, com investimento estimado em R$ 6,8 bilhões.
O projeto deve se tornar a maior obra do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. A previsão de conclusão é 2031, informou a Secretaria de Parcerias do governo de São Paulo ao Olhar Digital.