Planetas habitáveis mais comuns nas bordas da Via Láctea: entenda o que diz a pesquisa

Pesquisadores mostram que o movimento das estrelas favorece a formação de planetas rochosos em regiões distantes do centro da Via Láctea
Por Matheus Labourdette, editado por Rodrigo Mozelli 07/09/2025 04h00
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Cientistas simularam cenários com e sem migração estelar, avaliando as probabilidades de formação de planetas rochosos em diferentes pontos da galáxia (Imagem: WhataWin/iStock)
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Um novo estudo sugere que planetas habitáveis podem ser mais comuns nas áreas externas da Via Láctea do que se pensava. A pesquisa analisou como o movimento das estrelas pelo Espaço, fenômeno conhecido como migração estelar, influencia a chamada Zona Habitável Galáctica (GHZ, na sigla em inglês), regiões onde a vida complexa poderia surgir.

A investigação foi publicada no periódico Astronomy & Astrophysics e disponibilizada no servidor de pré-impressão arXiv. Os cientistas simularam cenários com e sem migração estelar, avaliando as probabilidades de formação de planetas rochosos em diferentes pontos da galáxia.

Descoberta pode reforçar a hipótese de que as explosões rápidas de rádio surgem de estrelas de neutrons com campos magnéticos fortes conhecidas como magnetares.
Estrelas nas bordas das galáxias podem favorecer a possibilidade de vida em planetas. (Imagem: NASA/JPL-Caltech)

Migração de estrelas

Os resultados mostram que a migração estelar tem papel crucial, favorecendo a formação de mundos habitáveis longe do centro da galáxia. O estudo estima que essa movimentação aumenta em até cinco vezes a chance de uma estrela abrigar planetas com condições favoráveis à vida.

Outro ponto relevante identificado é o papel dos gigantes gasosos. Segundo os modelos, a presença desses planetas nas regiões mais internas da Via Láctea pode afetar a formação de planetas rochosos, alterando as condições da zona habitável em áreas próximas ao núcleo da galáxia.

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Zona Habitável Galáctica

  • O conceito de Zona Habitável Galáctica se baseia na ideia mais conhecida da zona habitável estelar, proposta nos anos 1950;
  • Nesse caso, a faixa de distância em que um planeta deve orbitar sua estrela para manter água líquida em sua superfície;
  • A GHZ, introduzida na década de 1980, amplia o conceito para escala galáctica;
  • Segundo os pesquisadores, a GHZ é formada em regiões ricas em elementos pesados, como ferro, silício e oxigênio, essenciais para compor planetas rochosos como a Terra;
  • No entanto, ainda há debate sobre a dimensão exata dessa zona, e isso exclui o centro da galáxia por conta dos altos índices de eventos extremos.

Via Láctea (Imagem: Vadim Sadovski/Shutterstock)

A ampliação da definição da GHZ feita pelo novo estudo é considerada um passo importante. Os autores destacam que o trabalho abre caminho para futuras missões espaciais que busquem identificar planetas potencialmente habitáveis fora do Sistema Solar.

Em busca de planetas habitáveis

Entre elas está a missão PLATO, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), prevista para 2026. Ela terá, como objetivo, monitorar um milhão de estrelas em trânsito, técnica usada para detectar exoplanetas quando eles passam em frente às suas estrelas.

Outro projeto da ESA, o Ariel, deve ser lançado em 2029 e observará, pelo menos, mil exoplanetas. O foco será estudar suas atmosferas, temperaturas e composições químicas, ajudando a entender melhor os ambientes desses mundos distantes.

Por fim, o projeto LIFE, iniciado em 2017, tem como missão observar atmosferas de planetas terrestres fora do Sistema Solar, em busca de biomarcadores. A detecção desses sinais pode indicar presença de processos biológicos e até sugerir a existência de vida extraterrestre.

Logo da ESA na fachada da agência
ESA tem três missões que vão vasculhar o cosmos em busca de planetas potencialmente habitáveis (Imagem: HJBC/Shutterstock)
Redator(a)

Matheus Labourdette é redator(a) no Olhar Digital

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.