Ar-condicionado do futuro promete cortar conta de luz pela metade

A tecnologia ESEAC separa resfriamento e desumidificação, garantindo conforto térmico com menor custo e alívio para a rede elétrica
Por Matheus Labourdette, editado por Layse Ventura 08/09/2025 21h11
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ar-condicionado Imagem: xphotoz/iStock
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Um novo sistema de ar-condicionado desenvolvido pelo Laboratório Nacional de Energia Renovável dos EUA (NREL) em parceria com a startup Blue Frontier promete revolucionar o setor. Chamado ESEAC, ele pode reduzir em mais de 90% a demanda de energia em horários de pico e cortar até 45% da conta de eletricidade com refrigeração, segundo informações do portal Interesting Engeneering.

O ESEAC (Energy Storing and Efficient Air Conditioner) inaugura método de armazenamento de energia. Diferente dos aparelhos convencionais, ele desloca a parte que mais gasta eletricidade do processo para horários em que ele não está sendo muito requisitado ou de maior oferta de energia solar, aliviando a pressão sobre a rede elétrica.

Segundo Eric Kozubal, engenheiro sênior do NREL e co-inventor, trata-se de uma mudança completa na forma como se pensa a climatização. A tecnologia, em testes na Flórida, já opera integrada ao sistema da Blue Frontier, um equipamento de 20 toneladas projetado para edifícios comerciais.

Como funciona o novo ar-condicionado

O segredo do funcionamento está em separar resfriamento e desumidificação, etapas que nos modelos atuais ocorrem ao mesmo tempo. O ESEAC usa um dessecante líquido à base de sal para retirar umidade do ar e, em seguida, ajusta a temperatura.

Sistema ESEAC, ar-condicionado que promete reduzir os gastos pela metade (Imagem: Blue frontier/Linkedin)
Sistema ESEAC, ar-condicionado que promete reduzir os gastos pela metade (Imagem: Blue frontier/Linkedin)

Esse processo é dividido em três fases. Primeiro, durante a carga, o dessecante é concentrado em solução e a água pura é separada, consumindo mais de 90% da eletricidade necessária. Depois, ambos são armazenados em tanques, funcionando como uma bateria líquida. Na descarga, o sistema utiliza esses recursos para climatizar o ar com baixo gasto.

Jason Woods, outro engenheiro do NREL, destaca que a inovação permite manter ambientes confortáveis ao longo do dia enquanto concentra o uso de energia nos momentos de menor custo. Isso reduz picos e economiza energia.

Sustentabilidade e corte de gastos

Simulações realizadas em Miami mostraram que, em um ano, o sistema de 20 toneladas reduziu em 38% o consumo de eletricidade que era exigida para resfriar o ambiente, cortou 93% da demanda em horários de alto uso e diminuiu em 45% os gastos anuais. Em 15 anos, a economia estimada é de US$ 165 mil por unidade instalada.

Imagem: divulgação/Xiaomi

Outro diferencial é o baixo custo de armazenamento: reter energia em salmoura e água pura chega a ser dez vezes mais barato do que em baterias tradicionais. Isso transforma o ESEAC em alternativa viável para ampliar a eficiência energética em larga escala, especialmente em regiões quentes.

De acordo com Achilles Karagiozis, diretor do Centro de Ciências de Tecnologias de Edificações do NREL, o sistema não apenas reduz contas de energia, mas também pode evitar expansões caras da rede elétrica. Isso porque redistribui o consumo.

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Atualmente, unidades do ESEAC estão sendo implementadas em diferentes locais nos EUA, com expectativa de expansão comercial nos próximos anos. Se os resultados se confirmarem, o ar-condicionado do futuro poderá ser não só mais econômico, mas também um aliado estratégico da transição energética.

Redator(a)

Matheus Labourdette é redator(a) no Olhar Digital

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.