Tocha de plasma promete revolucionar reciclagem de plástico

Sistema alimentado inteiramente por hidrogênio decompõe resíduos plásticos mistos em menos de 0,01 segundo e não emite carbono
Por Bruna Barone, editado por Lucas Soares 09/09/2025 05h50
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Imagem: MOHAMED ABDULRAHEEM/Shutterstock
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Cientistas da Coreia do Sul criaram a primeira tecnologia do mundo que elimina um dos maiores inconvenientes da reciclagem de plástico. O novo sistema, baseado em uma tocha de plasma, pode reciclar quimicamente resíduos plásticos mistos em matérias-primas sem a necessidade de triagem ou remoção de rótulos.

O processo converte resíduos plásticos mistos em etileno e benzeno usando plasma, um gás altamente energizado em temperaturas extremas, com cinética de reação muito mais rápida e maior eficiência de transferência de energia em comparação à pirólise convencional, segundo um comunicado.

“Pela primeira vez no mundo, garantimos um processo que pode converter resíduos plásticos mistos em matérias-primas de forma econômica. Por meio de demonstração e comercialização, isso ajudará a resolver simultaneamente os problemas de resíduos e carbono”, disse Young-Hoon Song, chefe do programa.

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Mais de 99% da produção torna-se matéria-prima de alta pureza para a fabricação de novos plásticos (Imagem: KIMM/Divulgação)

O trabalho foi desenvolvido pelo Instituto Coreano de Máquinas e Materiais (KIMM) em colaboração com o Instituto Coreano de Pesquisa em Tecnologia Química (KRICT), o Instituto Coreano de Tecnologia Industrial (KITECH), o Instituto Coreano de Ciência e Tecnologia (KIST) e diversas universidades.

O que foi criado?

Operando entre 1.000°C e 2.000°C, a tocha alimentada inteiramente por hidrogênio decompõe resíduos mistos em menos de 0,01 segundo. Após a purificação, mais de 99% da produção tornou-se matéria-prima de alta pureza para a fabricação de novos plásticos.

Atualmente, esse tipo de resíduo é tratado principalmente por meio de incineração, recuperação de energia ou formas limitadas de reciclagem mecânica e química. São processos que custam caro e exigem uma pré-triagem rigorosa. Além disso, resultam em uma centena de subprodutos químicos, dos quais apenas 20 a 30% são úteis na prática. 

“Além da tecnologia de processo, diversas subtecnologias importantes também foram desenvolvidas durante este projeto, as quais podem ser estendidas ao tratamento de gases de efeito estufa na fabricação de semicondutores e displays, bem como na produção de materiais de alto valor”, afirmou Dae Hoon Lee, chefe do Laboratório Global de Pesquisa de Alto Nível da Iniciativa Nitro-Future.

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Pesquisadores querem ampliar taxa de reciclagem no país, atualmente em 1% (Imagem: KIMM/Divulgação)

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Tocha usada na vida real

O processo não apenas garante estabilidade operacional a longo prazo, como também permite a conversão seletiva de mais de 70 a 80% dos produtos em etileno e benzeno. Até mesmo ceras — antes inutilizáveis ​​na pirólise — puderam ser convertidas com mais de 80% de seletividade, aumentando a eficiência energética.

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Tecnologia estabelece novo marco para a indústria química e a política ambiental da Coreia (Imagem: Thank you for your assistant/iStock)

Os pesquisadores esperam que a tecnologia aumente drasticamente a taxa de reciclagem química de resíduos plásticos na Coreia, que atualmente é inferior a 1%. O sistema também pode se tornar praticamente livre de carbono quando alimentado por energia renovável. A partir de 2026, a equipe pretende conduzir operações em ambientes controlados para acelerar a comercialização.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.