Cientistas mapeiam o mundo escondido sob a Antártida

Cientistas revelam o que há sob o gelo da Antártida: lagos, cânions, florestas antigas e fósseis, mostrando um continente mais vulnerável
Por Valdir Antonelli, editado por Lucas Soares 10/09/2025 17h54
Abaixo da espessa camada de gelo da Antártida, há um continente rochoso com montanhas e cânions.
Abaixo da espessa camada de gelo da Antártida, há um continente rochoso com montanhas e cânions. (Imagem: Nancy Pauwels / Shutterstock)
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Há décadas, cientistas investigam o que pode estar escondido sob a imensa camada de gelo que cobre a Antártida. Mas enfrentam dificuldades quando comparado ao Ártico. Enquanto lá basta atravessar apenas dois ou três metros de gelo para encontrar o fundo, no Polo Sul, em algumas regiões, e necessário perfurar quase 5 quilômetros para chegar até a base.

Isso deixa os pesquisadores ainda mais intrigados com o que eles podem encontrar abaixo dessa espessa camada de gelo. Afinal, a Antártida é um continente sólido, recoberto por camada de gelo que esconde detalhes importantes sobre a história do planeta.

Para mapear o que existe sob o gelo na Antártida, cientistas precisaram perfurar cerca de 2,8 quilômetros até encontrar o leito rochoso. Crédito: Pises Tungittipokai – Shutterstock

Quilômetros de gelo até chegar ao leito rochoso

No Ártico o processo de perfuração para estudar o que existe sob o gelo é muito mais simples, pois trata-se basicamente de água e um ecossistema que inclui vida microscópica, pequenos peixes, baleias há poucos metros de profundidade, como explica matéria na BBC. Na Antártida isso é um pouco mais complexo.

Para começar, é necessário vencer quilômetros de camadas de gelo para, então, descobrir algo interessante. Cientistas, então, perfuraram a camada de gelo no continente para entender o clima da Terra no passado, explica a IFLScience.

Eles conseguiram perfurar cerca de 2,8 quilômetros até alcançar um leito rochoso para coletar amostras de aproximadamente 1,2 milhões de anos. Além disso, combinaram radares, reflexão sísmica (ondas sonoras de alta potência) e medições de gravidade para entender o que havia nas profundezas.

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Mapa demonstrando o relevo da Antártida sob o gelo. Crédito: H. Pritchard/divulgação/Scientific Data 2025

Em geral, ficou claro que a camada de gelo da Antártida é mais espessa do que imaginávamos originalmente e tem um volume maior de gelo apoiado em um leito rochoso abaixo do nível do mar.

Peter Fretewell, especialista em mapeamento e coautor do estudo, em nota enviada ao IFLScience.

O que poderíamos encontrar embaixo de todo esse gelo na Antártida?

As informações coletadas permitiram criar um mapa de como é a Antártida sob o gelo, identificando os caminhos que o gelo derretido “fluirá pelo continente à medida que as temperaturas sobem”, explica o Dr. Hamish Pritchard, glaciologista da BAS e principal autor do estudo.

Essa formação “coloca o gelo em maior risco de derretimento devido à incursão de água quente do oceano que corre nas franjas do continente”, comenta Fretewell. Isso indica “uma Antártida um pouco mais vulnerável do que pensávamos”.

Antártida vista do espaço
Lagos, cânions, resquícios de florestas tropicais e fósseis de dinossauros. O que mais a Antártida esconde sobe o gelo? Crédito: Harvepino/Shutterstock

No entanto as descobertas indicam que muito ainda falta muito para entendermos tudo o que pode estar sob esses quilômetros de gelo. Mas, até o momento, algumas maravilhas já foram descobertas:

  • Lago Vostok: o maior lago subglacial do continente, a 4 km abaixo do gelo.
  • Cânion Denman: o cânion terrestre mais profundo da Terra, com mais de 3 km abaixo do nível do mar.
  • Bacia Subglacial de Wilkes: vasta região de leito rochoso abaixo do nível do mar.
  • Evidências de florestas tropicais antigas que já cobriram o continente.
  • Fósseis de dinossauros e sinais de antigos continentes perdidos.
Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.