Prédios “tortos” de Santos são desafio na construção do túnel com Guarujá

O túnel terá 1,5 km de extensão – 630 metros elevado e 870 metros imersos - com a estrutura sendo assentada a 21 metros de profundidade
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Lucas Soares 10/09/2025 14h02
Visão aérea da região onde túnel entre Santos e Guarujá será construído
Visão aérea da região onde túnel entre Santos e Guarujá será construído (Imagem: Reprodução/Governo federal)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

O primeiro túnel submerso do Brasil ligará as cidades de Santos e Guarujá, no litoral paulista, e deve começar a ser construído ainda neste ano. A previsão é de que as obras estejam totalmente concluídas em 2031.

A opção pela estrutura erguida sobre o fundo do mar é a única possível, apontam estudos técnicos. Os motivos para isso incluem o tráfego aéreo na Baixada Santista e o solo instável, que deu origem aos famosos prédios ‘tortos’ de Santos.

Solo instável dificulta os trabalhos

Segundo informações do UOL, a construção de uma ponte com 1,5 km de extensão é algo comum, mas não ligando Santos e Guarujá. Isso porque as cidades são separadas pelo canal com quase um quilômetro de largura, por onde passam embarcações de um dos portos mais movimentados do Hemisfério Sul.

Por conta disso, uma eventual estrutura no local precisaria ter, no mínimo, 85 metros de altura sem colunas submersas, de acordo com um estudo técnico do governo de São Paulo. No entanto, isso impactaria as rotas que levam à base aérea de Santos, o que motivou a escolha pelo túnel submarino.

Montagem com ilustração e mapa mostrando túnel entre Santos e Guarujá
Túnel ligará as cidades de Santos e Guarujá (Imagem: divulgação)

Outra dificuldade constatada é o solo da região de Santos. Ele é formado por sedimentos instáveis, com areia de manguezal, que inviabilizariam os trabalhos. A solução foi preparar um túnel em pedaços, que serão rebocados até suas posições finais. Com ajuda de sensores de precisão milimétrica, cada bloco do túnel será solto no fundo d’água. Em seguida, mergulhadores e máquinas irão se certificar de que os segmentos foram unidos e vedados adequadamente.

Prédios de Santos
Prédios de Santos (Imagem: Diego Grandi/Shutterstock)

Outra vantagem é o tamanho da obra. Se fosse escavado, o túnel precisaria ter cerca de 2,9 km. Como a opção submersa foi escolhida, o tamanho cai quase pela metade. Logo após ser posicionado no fundo d’água, a construção ainda será coberta por areia grossa e pedras para evitar possíveis danos causados pelo arrasto de âncoras ou até o impacto de um eventual naufrágio. Os materiais também protegem contra a erosão marinha.

Leia mais

Reprodução artística de como será o túnel submerso
Reprodução artística de como será o túnel submerso (Imagem: reprodução/Prefeitura de Santos)

Túnel vai reduzir deslocamento entre cidades para um minuto

  • A obra deve custar R$ 6,8 bilhões, dos quais R$ 5,2 bilhões sairão dos cofres da União e do Estado de São Paulo.
  • O restante virá do grupo Mota-Engil, de Portugal, que venceu o leilão para realizar os trabalhos.
  • O túnel terá 1,5 km de extensão – 630 metros elevado e 870 metros imersos.
  • A estrutura vai ter seis módulos de concreto pré-moldados numa doca seca.
  • E será assentada a 21 metros de profundidade.
  • A expectativa é que a passagem permita o tráfego de caminhões, bicicletas, pedestres, veículos de passeio e transporte público.
  • Atualmente, cerca de 78 mil pessoas fazem a travessia por dia.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.