Albânia anuncia ministra gerada por IA para “combater corrupção”

Premiê albanês vê a tecnologia como uma ferramenta anticorrupção que elimina subornos, ameaças e conflitos de interesse
Por Bruna Barone, editado por Layse Ventura 11/09/2025 22h17
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IA ganhou o nome de Diella, que significa Sol em albanês (Imagem: Reprodução/YT)
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O gabinete do premiê da Albânia ganhou a primeira ministra gerada por inteligência artificial do mundo. Seu nome é Diella, que significa Sol em albanês. Ela já vem sendo testada desde janeiro como uma assistente que ajuda a navegar por serviços governamentais online, segundo a Reuters.

“Diella, o primeiro membro do gabinete que não está fisicamente presente, mas foi virtualmente criado pela IA”, vai ajudar a tornar a Albânia “um país onde as licitações públicas são 100% livres de corrupção”, disse o premiê Edi Rama. 

Vestindo um traje tradicional albanês no portal e-Albania, Diella será a “servidora das compras públicas”, decidindo os vencedores de licitações públicas – processo que, atualmente, é realizado por ministérios do governo. O objetivo é garantir que “todos os gastos públicos no processo de licitação sejam 100% transparentes”, disse Rama.

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Diella será a “servidora das compras públicas”, decidindo os vencedores de licitações (Imagem: Reprodução/YT)

O anúncio foi feito durante um evento que oficializou a composição de seu quarto governo consecutivo na conferência do partido socialista no poder, em Tirana. Reeleito em maio, Rama já afirmou publicamente que vê a IA como uma ferramenta anticorrupção que elimina subornos, ameaças e conflitos de interesse.

Uma nova era?

Historicamente, licitações e concursos públicos da Albânia estão no centro de escândalos de corrupção por envolvimento de gangues internacionais que buscam lavar dinheiro do tráfico de drogas e armas, segundo o The Guardian. E o alto escalão do governo não fica isento, diz o jornal.

Na avaliação da mídia albanesa, a medida representa “uma grande transformação na maneira como o governo albanês concebe e exerce o poder administrativo, introduzindo a tecnologia não apenas como uma ferramenta, mas também como um participante ativo na governança”. É também uma estratégia para viabilizar a entrada do país na União Europeia.

Já a reação popular mostra uma divisão sobre o anúncio. Alguns questionam se a IA estará, de fato, isenta de manipulação ou informações tendenciosas. E se os licitantes terão recursos para contestar decisões automatizadas, relata o site EUToday

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Críticos questionam se os licitantes terão recursos para contestar decisões automatizadas (Imagem: Reprodução/YT)

Leia Mais:

IA a serviço do governo

A Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) estima que quase 800 iniciativas de governança envolvem inteligência artificial em 69 países atualmente. Em 2024, o Reino Unido chegou a criar um Escritório de Inteligência Artificial, que, futuramente, foi integrado ao Departamento de Ciência, Inovação e Tecnologia.

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Edifício do Gabinete do Primeiro-Ministro em Tirana (Imagem: ardasavasciogullari/iStock)

Nos Estados Unidos, empresas de IA criaram modelos específicos para agências governamentais. O Google, por exemplo, lançou a versão Gemini for Government, enquanto a OpenAI liberou o ChatGPT Enterprise e a Anthropic ofereceu serviços do Claude for Enterprise e o Claude for Government

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.