Quanto tempo vivia um dinossauro? Spoiler: é menos do que você imagina

Mesmo os maiores dinossauros, do tamanho de prédios, tinham vidas mais curtas que as nossas, um dado que surpreendeu os cientistas.
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 12/09/2025 05h53
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Dinossauros viviam menos que animais como elefantes e baleias, segundo pesquisador. (Imagem: jaroslava V / Shutterstock)
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Nas últimas duas décadas, pesquisas mudaram a perspectiva que tínhamos sobre o tempo de vida dos dinossauros. Conforme novos fósseis foram encontrados, cientistas descobriram que esses gigantes pré-históricos podem ter durado menos tempo do que pensávamos.

Segundo o professor Paul Barrett, pesquisador do Museu de História Nacional de Londres, existe uma relação entre o tamanho de uma animal e seu tempo de vida, sendo esperado que seres maiores durem por mais tempo. Porém, esse padrão não foi visto nos fósseis.

Exposição de um dinossauro saurópode no Museu de História Natural de Londres. (Imagem: Luthfi Syahwal / Shutterstock)

“Gosto de explicar dizendo que os dinossauros têm ciclos de vida de estrelas do rock, eles basicamente vivem rápido e morrem jovens”, disse Barrett em uma entrevista ao portal IFLScience.

O maior deles, o Patagotitan mayorum, alcançava incríveis 37 metros de altura e pesava mais de 70 toneladas, o equivalente a dez elefantes africanos, segundo as principais estimativas. Ele foi o maior animal terrestre em toda a história do planeta. Mesmo assim, é provável que ele vivesse menos que os humanos atuais.

Tempo de vida dos dinossauros surpreendeu cientistas

O especialista explicou que os dinossauros viviam até o período reprodutivo, tinham filhotes e morriam alguns anos antes de atingirem o ápice de seu potencial de crescimento. Um saurópode gigante levava provavelmente de 30 a 35 anos para chegar ao seu tamanho máximo, depois vivia até os 40 ou 50 anos.

Dinossauros menores, por outro lado, atingiam seu crescimento total entre quatro e cinco anos. Quatro anos depois, se tivessem sorte, estariam em seus momentos finais de vida, segundo o professor.

Descobrir essa informação surpreendeu a comunidade científica. “Costumávamos pensar que os dinossauros viviam por muito tempo. Se voltarmos aos relatos de pessoas que escreviam sobre eles há 50 anos, presumia-se que os dinossauros colossais deviam ser um pouco como os crocodilos e tartarugas gigantes, e que talvez levassem um século para atingir esses tamanhos”, relatou o pesquisador.

Embora gigantes, dinossauros viviam poucas décadas. (Imagem: BY MOVIE / Shutterstock)

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Fósseis registram o crescimento dos dinossauros

Pesquisadores estimam a idade dos dinossauros a partir dos anéis de crescimento presentes nos ossos desses animais. Esse material é fatiado e os tecido em seu interior são observados em microscópio.

“A partir de trabalhos realizados em animais vivos, sabemos que alguns desses tecidos foram depositados por ossos que crescem rapidamente, enquanto outros tecidos são depositados por ossos que crescem lentamente”, explicou Barrett.

Fóssil gigante de Barracudasauroides panxianensis
Ao estudar os fósseis, cientistas descobrem como e por quanto tempo os dinossauros viveram. (Imagem: Didier Descouens / WIkimedia Commons)

Há também interrupções no crescimento a cada ano, devido a mudanças de temperatura, duração do dia e outros fatores sazonais. Ao contar esses anéis, é possível saber quantos anos o animal esteve em crescimento.

“É um processo muito semelhante ao envelhecimento de uma árvore. A taxa vem da observação do espaçamento desses anéis. Se houver muito crescimento, os anéis são bem grossos. Se não houver muito crescimento, os anéis são mais estreitos”, disse o pesquisador.

Dinossauros não escapavam das principais causas de morte

Segundo o professor, diferentes fatores levavam os dinossauros à morte: desde os mais comuns, como doenças e ataques de predadores, até os mais improváveis, como a queda de uma árvore ou um raio.

As causas mais recorrentes para a morte de qualquer animal são a desidratação e a fome. Conforme envelhecem, caçar, mastigar e digerir se tornam tarefas complicadas. Para os dinossauros, esse desgaste acontecia em poucas décadas.

“Animais enormes, como baleias-azuis e elefantes, hoje têm uma expectativa de vida semelhante à humana, de mais de 70 anos. Mas os dinossauros, mesmo no caso dos saurópodes gigantes, que podiam ser 10 vezes maiores que um elefante, provavelmente não viviam tanto”, concluiu Barrett.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.