Chief AI Officer: por que a inteligência artificial precisa de um lugar na mesa da liderança

Chief AI Officer: o novo executivo que transforma inteligência artificial em estratégia de negócio — e pode decidir o futuro das empresas.
Por Alessandra Montini, editado por Lucas Soares 14/09/2025 06h45
chief ai officer
IA não é só tecnologia, é estratégia — e precisa de liderança (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)
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Você já ouviu falar em Chief AI Officer? Talvez o nome soe novo, mas a função é cada vez mais necessária. Trata-se do executivo que assume a missão de trazer a inteligência artificial para o centro da estratégia da empresa. Se temos o CFO cuidando das finanças e o CMO cuidando do marketing, o CAIO (na sigla em inglês) é quem garante que a IA não fique restrita a um time técnico, mas faça parte das grandes decisões corporativas.

Segundo a Gartner, até 2026, 80% das grandes empresas já terão equipes formais de governança em IA. É um movimento que mostra como a tecnologia deixou de ser experimental e se tornou estratégia de sobrevivência no mercado.

Mais do que tecnologia, é negócio

Um erro comum é pensar que esse profissional precisa ser um especialista em programação. Claro, conhecimento técnico ajuda, mas sua verdadeira função é outra: traduzir tecnologia em valor de negócio. Ele conecta engenheiros a diretores, conselhos administrativos a times de operação. É a pessoa que sabe explicar como um algoritmo pode melhorar o atendimento ao cliente, reduzir custos logísticos ou gerar insights de mercado, sempre olhando para o impacto estratégico.

homem trabalha com IA
Ética, transparência e inovação: os desafios do novo líder de IA (Imagem: Gorodenkoff/Shutterstock)

Um levantamento da Deloitte reforça essa necessidade: 94% dos executivos acreditam que a IA será fundamental para o sucesso das empresas nos próximos cinco anos. Mas apenas 18% dizem estar preparados para escalar soluções de forma consistente. O CAIO existe para fechar esse hiato, garantindo que a IA não fique presa a projetos isolados, mas seja parte do DNA corporativo.

Quando há um Chief AI Officer na mesa, a IA deixa de ser tratada como “departamento paralelo” e passa a influenciar as grandes escolhas estratégicas. Pense em decisões de pricing mais inteligentes, produtos desenhados com base em dados de comportamento do consumidor ou até novos modelos de negócio viabilizados por automação avançada.

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Mais do que gerar eficiência, a função desse executivo é expandir horizontes. Significa preparar a organização para responder a perguntas que já estão no radar: como usar IA sem ferir princípios éticos? Como garantir transparência nos algoritmos? Como proteger dados de clientes em um ambiente cada vez mais digitalizado?

Ao trazer essas reflexões para dentro do C-level, o CAIO ajuda a empresa a equilibrar inovação com responsabilidade.

Exemplos que começam a aparecer

Algumas companhias globais já criaram oficialmente o cargo de Chief AI Officer. Em bancos, por exemplo, esse líder ajuda a equilibrar automação de crédito com governança regulatória. No setor de varejo, orienta como usar IA para prever demanda sem invadir a privacidade do consumidor. No setor de saúde, garante que algoritmos de diagnóstico passem por validação ética antes de irem para o mercado.

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Quem traduz tecnologia em valor estratégico? O CAIO (Imagem: Peshkova/Shutterstock)

Esses exemplos mostram que não se trata de moda, mas de resposta a uma necessidade real de alinhar tecnologia e estratégia para gerar valor de forma sustentável.

O Chief AI Officer é o reflexo de uma mudança de época. A inteligência artificial não cabe mais em silos nem pode ser tratada como um projeto isolado. Ela precisa de liderança, visão estratégica e responsabilidade. Dar a esse executivo um assento na mesa de decisão é preparar a empresa para transformar IA em vantagem competitiva e, mais do que isso, em estratégia de futuro.

Alessandra Montini
Colunista

Alessandra Montini é diretora do Laboratório de Análise de Dados da Fia Business School.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.