Nomear é tratar? Entenda como um diagnóstico pode ajudar na cura

Dar nome a um problema, como no Efeito Rumpelstiltskin, ajuda pacientes a reduzir ansiedade, ganhar clareza e sentir mais controle sobre a situação
Por Valdir Antonelli, editado por Layse Ventura 14/09/2025 05h30
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Crédito: Kmpzzz/Shutterstock
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Identificar um problema e dar-lhe um nome pode ajudar a para enfrentá-lo. Esse conceito, chamado Efeito Rumpelstiltskin, permite que você lide melhor com a questão, reduzindo a ansiedade e a sensação de controle.

Na psicologia, ele é aplicado ao método terapêutico para identificar e nomear emoções ou traumas, levando ao início de um processo de cura. Por exemplo, quando alguém descobre a causa exata de um problema de saúde, saber o que está acontecendo costuma trazer alívio imediato.

Identificar e nomear emoções ou traumas, leva ao início de um processo de cura, reduzindo a ansiedade e aumentando a sensação de controle. Crédito: Nicoleta Ionescu (Shutterstock/reprodução)

Sensação de bem-estar ao receber um diagnóstico

Artigo publicado no BJPsych Bulletin explica como o Efeito Rumpelstiltskin funciona e qual seu impacto no tratamento de doenças físicas e mentais. Para os autores, explica matéria no PsyPost, a “comunidade médica tem negligenciado amplamente esse aspecto do diagnóstico como uma intervenção distinta e potencialmente significativa”.

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O conceito se inspira no conto dos Irmãos Grimm. Nele, uma jovem camponesa é forçada pelo rei a transformar palha em ouro, para isso, recebe a ajuda de um homem misterioso em troca de objetos valiosos e, depois, pela entrega de seu filho. Anos depois, ele volta para cobrar o acordo e ela descobre seu nome secreto, Rumpelstiltskin, e consegue enganá-lo, salvando seu filho e quebrando o acordo.

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Na psicologia, ele é aplicado ao método terapêutico para identificar e nomear emoções ou traumas, levando ao início de um processo de cura. Crédito: Chay_Tee/shutterstock

Os autores argumentam que o mesmo princípio se aplica a diagnósticos médicos: nomear um problema pode dar clareza e controle ao paciente, mesmo antes de iniciar o tratamento.

Como o Efeito Rumpelstiltskin funciona

Nomear uma condição, explicam os pesquisadores, “muda a forma como a pessoa vê suas próprias experiências”. Entre os efeitos observados estão:

  • Fornecer uma lente clínica para reinterpretar experiências confusas ou estigmatizadas.
  • Resolver uma possível ambiguidade ao organizar os sintomas em uma linha mais coerente.
  • Criar um senso de conexão ao interligar pacientes que compartilham o diagnóstico.
  • Evocar efeitos psicológicos semelhantes aos observados em tratamento com placebo, como sensação de alívio, esperança e expectativa de tratamento.

Por exemplo, pacientes com sintomas inexplicáveis passam a confiar mais na recuperação.

No entanto, nem sempre é vantajoso dar um nome ao diagnóstico. Por isso, cada caso deve ser avaliado individualmente, considerando se as necessidades do paciente podem ser atendidas com ou sem o uso do rótulo. Crédito: PeopleImages.com – Yuri A/Shutterstock

Limites do efeito

Segundo o psiquiatra e autor do estudo Dr. Awais Aftab, “o simbólico, o cultural e a narrativa estão entrelaçados na estrutura da medicina”. Parte da melhora do paciente pode vir de dar nome ao problema, não apenas do tratamento.

O diagnóstico médico é uma ferramenta poderosa.

Dr. Awais Aftab, psiquiatra, professor assistente na Case Western Reserve University e autor do estudo, à PsyPost.

No entanto, nem sempre nomear o diagnóstico é benéfico para o paciente. Alguns rótulos podem trazer estigmas, medo ou expectativas negativas. Por isso, Aftab acredita que, quando alguém procura um diagnóstico, é importante conversar sobre o que ele espera ganhar com isso e pensar se essas necessidades podem ser atendidas com ou sem dar nome a esse diagnóstico.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.