Foi em 2021 que a cidade de Balneário Camboriú ganhou destaque em jornais de todo o país pela megaobra que alargou a faixa de areia da Praia Central de 25 metros para 70 metros. Naquele momento, o governo retirou areia de uma jazida no fundo do mar localizada a 15 quilômetros da costa para a engorda artificial. O objetivo: combater os efeitos da erosão costeira, segundo as autoridades.
Agora, Santa Catarina protagoniza um método inédito de alargamento da faixa de areia no Brasil — desta vez, em Itapoá. A extensão será feita usando sedimentos de uma dragagem que ampliará o canal do complexo portuário da Baía da Babitonga. Estima-se que serão removidos cerca de 12,5 milhões de metros cúbicos de sedimentos.
“Ao invés de dispensar a areia no mar, este material de ótima qualidade será usado em benefício das praias de Itapoá, favorecendo o turismo na região”, diz um comunicado. As obras do projeto de parceria público-privada estimadas em R$ 324 milhões devem começar ainda no segundo semestre deste ano, com conclusão em 2026.

Novo cartão postal
A obra de engorda da praia ampliará a faixa de areia em pelo menos 30 metros (alguns trechos chegarão a mais 100 metros de orla) em um trecho de quase 10 km, da Figueira ao Balneário Princesa do Mar, no município de cerca de 32 mil habitantes.
“A iniciativa não apenas fortalecerá a proteção costeira, mas também criará um novo cartão postal para a cidade e valorizará as moradias e o comércio local”, prometeu a prefeitura, que define a obra como um “marco histórico na infraestrutura costeira do Brasil”.
O avanço da maré na costa é uma situação que vem se agravando na cidade que faz divisa com o Paraná. Em agosto, a prefeitura decretou emergência após fortes chuvas, somadas à maré alta, provocarem o avanço do mar sobre a orla de Itapoá.

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Portos mais competitivos
A nova obra vai ampliar a profundidade do canal de 14 metros para 16 metros, permitindo a atracação e operação de embarcações de 366 metros de comprimento (o limite atual é de 336 metros), tornando-se o primeiro porto do Brasil com capacidade para navios desse porte com carga máxima.
Atualmente, o Complexo Portuário da Baía da Babitonga responde por mais de 60% da movimentação portuária de Santa Catarina. Em 2024, o Porto de São Francisco do Sul movimentou 17 milhões de toneladas de mercadorias em 2024. Já o Porto Itapoá, que se destaca na operação de cargas conteinerizadas, é o maior empregador do município.
“Como vão ser aprofundados dois metros, significa dois mil contêineres a mais. Nós movimentamos cerca de 65 navios por mês, isso significa 130 mil contêineres a mais por mês. Isso vai trazer muita competitividade para as empresas que aqui estão”, comemorou o presidente do Porto de Itapoá, Ricardo Arten.

O porto público de São Francisco aportará R$ 24 milhões e o terminal privado Itapoá, R$ 300 milhões, investimento que será devolvido de modo parcelado até dezembro de 2037, aproximadamente 11 anos após o fim da obra.
“Nossa baía é bastante beneficiada pela natureza por suas águas calmas e profundidade natural, que precisa de pouquíssima manutenção. Agora vamos tornar nosso complexo portuário ainda mais competitivo”, afirmou o Diretor de Operações do Porto Itapoá, Sergni Rosa Júnior.