“Borboleta gigante” do Sol ainda sopra forte em direção à Terra

Ventos solares de alta velocidade disparados de buraco no Sol com 500 mil km de largura continuam atingindo a Terra
Flavia Correia16/09/2025 17h46, atualizada em 16/09/2025 17h51
WhatsApp-Image-2025-09-16-at-17.25.52-1-1920x1080
Representação artística de um buraco no Sol, em formato de borboleta, disparando vento solar em direção à Terra. Crédito: Imagem elaborada por IA/ChatGPT / Editada por Flavia Correia/Olhar Digital
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Conforme noticiado pelo Olhar Digital na última quinta-feira (11), o Observatório de Dinâmica Solar (SDO), da NASA, registrou um gigantesco buraco se abrindo no Sol ao longo da semana, que lançou vento solar violentamente em direção à Terra.

O material ejetado chegou ao planeta no domingo (14), provocando uma forte tempestade geomagnética no norte do globo. Estimativas previam que a atividade se repetisse na segunda-feira (15).

Buraco coronal com formato de borboleta registrado por observatório solar da NASA entre 8 e 11 de setembro. Crédito: NASA/SDO

E foi o que ocorreu. Segundo a plataforma de meteorologia e climatologia espacial Spaceweather.com, a Terra ainda está sendo atingida por uma corrente de vento solar vinda desse local. A velocidade chegou a 760 km/s, caindo depois para 600 a 700 km/s, mas mantendo efeitos visíveis na atmosfera terrestre ao atingir o planeta.

O buraco começou a se formar no início da semana, assumindo um formato curioso, parecido com uma borboleta, conforme crescia. Na sexta-feira (12), ele já tinha cerca de 500 mil km de extensão, espaço suficiente para quase 40 Terras alinhadas, segundo o site Space.com.

Essas aberturas na atmosfera solar são chamadas de “buracos coronais”. Nelas, os campos magnéticos se abrem e permitem que o vento solar escape, aparecendo escuros nas imagens por causa da ausência do plasma quente.

Buraco coronal com formato de borboleta registrado por observatório solar da NASA em 13 de setembro. Crédito: NASA/SDO

Quando o vento solar atingiu a Terra no fim de semana, gerou uma tempestade geomagnética G3, considerada forte em uma escala que vai até G5. Embora a intensidade tenha diminuído, tempestades fracas (G1) continuaram na noite de segunda-feira (15) e seguiram até a manhã seguinte, de acordo com o guia de observação EarthSky.org.

Além das auroras visíveis em lugares mais ao sul do que o habitual, como no norte dos EUA e quase todo o Reino Unido, tempestades G3 podem causar problemas em satélites e sistemas de navegação. Nesses casos, a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos EUA (NOAA) alerta para cargas elétricas em componentes de satélites, aumento de arrasto em órbitas baixas e falhas intermitentes de radionavegação.

Uma aurora de aparência “mística” flutua no ar sobre as Montanhas Wrangell, perto de McCarthy, no Alasca, com a Lua minguante refletida nas águas do Rio Kennicott, em 15 de setembro de 2025. Crédito: Todd Salat via Spaceweather.com

A atividade deve diminuir a noite desta terça-feira (16), mas ainda podem ocorrer breves aparições de auroras até o meio da semana. Segundo especialistas, essas tempestades são mais frequentes e tendem a se intensificar nos dias próximos aos equinócios.

Leia mais:

Por que os equinócios intensificam as tempestades geomagnéticas

Equinócios ocorrem duas vezes por ano, em março e em setembro, quando dia e noite têm quase 12 horas cada. Nessas ocasiões, o eixo da Terra se alinha com sua órbita ao redor do Sol, facilitando o contato entre os campos magnéticos do planeta e do astro.

Esse alinhamento intensifica o chamado “efeito Russell-McPherron”, descoberto em 1973, que explica o aumento de tempestades geomagnéticas nos equinócios. Dados históricos mostram que, entre 1932 e 2014, essas tempestades aconteceram duas vezes mais nessa época do que nos períodos próximos aos solstícios (junho e dezembro). Em 2025, o equinócio de setembro será no dia 22.

Dependendo da intensidade, as tempestades geomagnéticas podem afetar sistemas de comunicação, redes elétricas e satélites. Quando elas são extremamente fortes, podem até causar apagões e arrastos de equipamentos em órbita. No entanto, elas também têm efeitos visuais impressionantes – as  luzes coloridas no céu conhecidas como auroras boreais (no norte) e austrais (no sul).

Flavia Correia
Redator(a)

Jornalista formada pela Unitau (Taubaté-SP), com Especialização em Gramática. Já foi assessora parlamentar, agente de licitações e freelancer da revista Veja e do antigo site OiLondres, na Inglaterra.