ChatGPT é usado mais para questões pessoais do que de trabalho, diz estudo

Maior estudo sobre perfil do usuário analisou 1,5 milhão de conversas desde o lançamento do chatbot de inteligência artificial há três anos
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 16/09/2025 04h45
ChatGPT
Imagem: PhotoGranary02/Shutterstock
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A maioria dos usuários do ChatGPT (70%) recorre ao chatbot para questões relacionadas à vida pessoal, e não ao trabalho (30%), de acordo com o maior estudo já realizado sobre o assunto. O trabalho foi coordenado pelo National Bureau of Economic Research (NBER) em parceria com o economista de Harvard David Deming.

O estudo analisou 1,5 milhão de conversas desde o lançamento da inteligência artificial há três anos. A OpenAI garante que a privacidade dos envolvidos foi preservada, e que os pesquisadores não tiveram acesso ao conteúdo das conversas. A análise foi feita a partir de ferramentas automatizadas que categorizaram os padrões de uso.

No ambiente profissional, o uso tem crescido exponencialmente, mas ainda é mais comum para usuários instruídos em ocupações profissionais altamente remuneradas. O aumento mais rápido, no entanto, foi visto em mensagens não relacionadas ao trabalho, passando de 53% para 70%.

Logo da OpenAI em um smartphone que está em cima do teclado de um notebook
Análise foi feita a partir de ferramentas automatizadas que categorizaram os padrões de uso (Imagem: Ascannio/Shutterstock)

“Os resultados mostram que a adoção pelo consumidor se expandiu para além dos grupos de usuários iniciais, reduzindo a disparidade de gênero em particular, e que a maioria das conversas se concentra em tarefas cotidianas”, diz o comunicado.  Atualmente, a plataforma tem 700 milhões de usuários ativos semanais.

Quem usa e como usa o ChatGPT?

Nos últimos meses, a diferença entre o uso do ChatGPT por gêneros caiu significativamente: a proporção de mulheres chegou a 52% em julho deste ano, ante 37% em janeiro de 2024. Além disso, as taxas de crescimento da adoção do ChatGPT nos países de menor renda eram mais de 4 vezes maiores que as dos países de maior renda.

A maioria aciona o chatbot para pedir ajuda com tarefas cotidianas: três quartos das conversas se concentram em orientações práticas, busca de informações e escrita — sendo a escrita a tarefa de trabalho mais comum, enquanto programação e autoexpressão continuam sendo atividades de nicho.

ChatGPT na tela do laptop
Pessoas valorizam o ChatGPT mais como um consultor do que apenas para a conclusão de tarefas (Imagem: Bangla press/Shutterstock)

Cerca de metade das mensagens (49%) são “Perguntar”, o que, segundo a OpenAI, mostra que as pessoas valorizam o ChatGPT mais como um consultor do que apenas para a conclusão de tarefas. Outros 40% usam principalmente a orientação “Fazer” para redigir textos, planejar ou programar, enquanto 11% recorrem à IA para “reflexão pessoal, exploração e diversão”.

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Tomando decisões com IA

O trabalho também mapeou o conteúdo das mensagens com as atividades de trabalho a partir de características listadas pelo Departamento do Trabalho dos EUA. Nesses casos, 81% das mensagens estão associadas a duas atividades de trabalho amplas: 1) obter, documentar e interpretar informações; e 2) tomar decisões, dar conselhos, resolver problemas e pensar criativamente.

pessoa com o celular na mão utilizando chatgpt
Taxas de crescimento da adoção do ChatGPT nos países de menor renda eram mais de 4 vezes maiores que as dos países de maior renda (Imagem: frimufilms/Freepik)

Além disso, as atividades são altamente semelhantes entre os mais diferentes tipos de ocupações. Por exemplo, comandos de Obter Informações e Tomar Decisões e Resolver Problemas estão entre os cinco mais frequentes em quase todas as ocupações, desde gestão e negócios a STEM (sigla para Science, Technology, Engineering, and Mathematics), passando por ocupações administrativas e de vendas.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.