O alto custo da IA: suas perguntam gastam litros de água

O uso crescente de IA, como ChatGPT, consome bilhões de litros de água em data centers, gerando impacto ambiental e risco de escassez hídrica
Por Valdir Antonelli, editado por Bruno Capozzi 16/09/2025 04h53
água potável
Imagem: winyuu/Shutterstock
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Toda pergunta que você faz para a IA gasta alguns mililitros de água. Pode parecer pouco, mas o crescimento do uso da inteligência artificial indica uma demanda de 1 trilhão de litros até 2028, afirma estudo do Morgan Stanley.

Apenas o modelo GPT-3, do ChatGPT, pode gerar um consumo de meio litro de água potável se você fizer entre 20 e 50 perguntas, explica outro estudo, esse da Universidade da Califórnia.

Multiplique isso por seus 400 milhões de usuários semanais, e o consumo alcança a assustadora marca de 200 milhões de litros de água por semana, apenas para que você encontre respostas para algumas perguntas.

ChatGPT
Com bilhões de consultas diárias, o ChatGPT consome cerca de 200 milhões de litros de água potável por ano. Crédito: RKY Photo/Shutterstock

Dependência de modelos de IA cresce rapidamente

Atualmente, desde pequenas pesquisas até questões mais complexas são feitas em modelos de IA. São bilhões de consultas todos os dias, o que cria desafios e riscos cada vez mais evidentes para o planeta.

Se não bastasse as preocupações com respostas enviesadas ou erradas, atualmente, o impacto que esses modelos causam no meio ambiente, principalmente a exploração de um dos recursos naturais essenciais para a vida, como a água, precisa ser analisado e entendido.

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Consumo de água em data centers de IA devem aumentar nos próximos anos. Estudos mostram que a demanda deve chegar a 1 trilhão de litros por ano. Crédito: Owlie Productions / Shutterstock.com

Para exemplificar essa conta, o G1 comparou o gasto de água do ChatGPT, cerca de 200 milhões de litros por semana, com o de algumas cidades brasileiras. Por exemplo, Guarulhos consome cerca de 170 milhões de litros de água por dia, já Dourados, no MS, precisa de 33 milhões de litros de água potável diariamente para abastecer sua população.

Data centers dependem de grande volume de água para seu funcionamento

E esse número deve crescer rapidamente para acompanhar o desenvolvimento de novos modelos, mas também para garantir o bom funcionamento e resfriamento de data centers espalhados pelo mundo.

Plataformas de IA e chatbots exigem data centers cada vez maiores, com bilhões de servidores, para processar bilhões de consultas realizadas diariamente. São esses data centers que consomem quantidades absurdas de água – o Google, em 2023, utilizou 24 bilhões de litros de água para manter seus datacenters, mostra a matéria do G1.

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Plataformas de IA e chatbots exigem data centers cada vez maiores para processar bilhões de consultas realizadas diariamente. Crédito: IR Stone/Shutterstock

Com mais calor gerado, maior é a necessidade de resfriamento. Mas a água não serve apenas para isso, ela também é responsável pela geração de energia para o funcionamento dos servidores. Acontece que, segundo artigo no Collegenp, “chatbots de IA consomem mais eletricidade do que os mecanismos de busca tradicionais”.

  • Atuais data centers globais consomem 560 bilhões de litros de água anualmente.
  • Até 2027, o consumo de água em data centers deverá alcançar 6.6 trilhões de litros
  • Data centers específicos para IA podem consumir 1,2 trilhão de litros de água anualmente até 2030.
  • O consumo de água pela indústria de IA deverá aumentar seis vezes nos próximos anos.
  • O número de data centers cresceu de 500 mil em 2012 para mais de 8 milhões atualmente, e até 2030, segundo a AIE, esse número deve dobrar.

Para piorar a situação, a água utilizada para resfriamento é, em grande parte, não reutilizável, já que cerca de 80% evaporam, afirma o Collegenp.

Embora a IA tenha facilitado a vida dos usuários, ela também se tornou um dos principais responsáveis pela poluição da água e sua escassez, por isso, é vital encontrarmos soluções sustentáveis que realmente equilibrem o crescimento dos modelos de IA com a proteção dos recursos naturais.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.