Governo Lula recua sobre regulação de redes sociais

Planalto vai enviar ao Congresso apenas projeto que cria regras para combater práticas que prejudiquem a concorrência no setor de tecnologia
Alessandro Di Lorenzo17/09/2025 11h12
Redes sociais
Algumas mudanças foram realizadas após pedidos de big techs (Imagem: Ahyan Stock Studios/Shutterstock)
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A regulação dos conteúdos das redes sociais é um objetivo antigo do governo federal. Diante de um ambiente desfavorável no Congresso para pautar o assunto, no entanto, o Palácio do Planalto decidiu mudar de estratégia.

O objetivo agora é enviar para discussão apenas o projeto de lei que trata da regulação econômica das chamadas big techs. O texto estabelece a criação de medidas para combater práticas que prejudiquem a concorrência no setor.

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Projeto de regulamentação das redes sociais ficará para um outro momento (Imagem: hapabapa/iStock)

Regulação das redes enfrenta grande resistência

  • Segundo informações da Folha de São Paulo, a proposta sobre a regulação das redes sociais determinaria a responsabilidade objetiva das plataformas sobre o material publicado.
  • Além disso, ajudaria no combate a fraudes na internet e na proteção das crianças no mundo digital.
  • Na avaliação do Planalto, o projeto sobre adultização, aprovado pelo Congresso no fim de agosto, já contempla pontos importantes dessa proposta.
  • Ao mesmo tempo, parlamentares que acompanharam as negociações afirmam ainda que o tema de regulação das big techs enfrenta grande resistência no Congresso e que dificilmente o texto seria aprovado.

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Congresso deve começar a discutir tema nas próximas semanas (Imagem: caioacquesta/Shutterstock)

Projeto é inspirado na Lei de Mercados Digitais do Reino Unido

A proposta que será apresentada ao Congresso foi elaborada pelo Ministério da Fazenda e amplia o poder de atuação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Inspirado na Lei de Mercados Digitais do Reino Unido, o texto permite que o órgão atue de forma preventiva contra condutas de companhias classificadas como de “relevância sistêmica”.

O plano inclui a criação de uma superintendência específica no órgão antitruste, com poderes para aplicar obrigações especiais às big techs. A avaliação é que os processos atuais são lentos demais para acompanhar a velocidade das mudanças no setor digital.

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Texto foca na atuação das big techs (Imagem: Dmitry Demidovich/Shutterstock)

Entre as práticas anticoncorrenciais citadas estão a falta de transparência nos buscadores, cobrança de taxas abusivas pelas lojas de aplicativos às empresas de tecnologia menores, venda casada de serviços e direcionamento nos meios de pagamento. O governo argumenta que este cenário mina a competitividade, sufocam empresas menores e acabam encarecendo os serviços ao consumidor final.

O projeto de regulação econômica mira as big techs conhecidas como “big five”, ou seja, as cinco gigantes do Vale do Silício: Google, Amazon, Apple, Meta e Microsoft. Por outro lado, não deve afetar o funcionamento de empresas de tecnologia menores.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.