Meta Connect 2025: Zuckerberg anuncia novos óculos de VR e mais

Vestíveis também desembarcarão no Brasil
Rodrigo Mozelli17/09/2025 22h04, atualizada em 17/09/2025 23h47
Mark Zucekrberg de óculos
Mark Zuckerberg demonstrou o uso do novo Ray-Ban Meta Display (Imagem: Reprodução/YouTube/Meta)
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Nesta quarta-feira (17), a Meta realizou seu evento anual Connect. Na edição 2025, foram apresentados os novos óculos de realidade virtual (VR, na sigla em inglês) e ferramentas voltadas à inteligência artificial (IA) e ao metaverso.

A seguir, confira tudo o que Mark Zuckerberg, cofundador e CEO da big tech, anunciou no evento.

Meta Connect 2025: Dois novos óculos virtuais de uma vez

Oakley Meta Vanguard

Um dos óculos apresentados por Zuckerberg foi o Oakley Neta Vanguard, voltado para corredores, ciclistas e outros atletas.

Ele possui uma lente central, ao invés de duas (uma em cada ponta dos óculos). O dispositivo capta vídeos em 3K e carrega uma câmera de 12 MP com lentes de anglo ampliado e 122º.

O Vanguard também possui um botão programável, configurável pelo app da Meta. Todos os botões do aparelho estão localizados na parte inferior, de modo a permitir que seu usuário use um capacete de forma confortável mesmo usando os óculos.

Óculos Ray-Ban Meta Vanguard
Vanguard é voltado para atletas (Imagem: Divulgação/Meta)

Ele tem mais de nove horas de bateria com uma só carga, ou seis horas tocando músicas continuamente. A case que o acompanha ainda fornece 36 horas adicionais de bateria. Por meio dela, segundo a Meta, o usuário consegue carregar 50% em 20 minutos.

Zuckerberg afirmou que os alto-falantes que os acompanham são os mais potentes já desenvolvidos pela Meta. Ainda, há cinco microfones interligados que reduzem o barulho do vento durante chamadas, mensagens ou ao utilizar o Meta AI.

Os óculos são dotados de proteção IP67 para poeira e são resistentes à água, podendo ser utilizados em atividades intensas. É a maior proteção dada a um óculos inteligente da empresa, segundo a Meta. É possível integrá-los a smartwatches da Garmin, com o usuário perguntando aos óculos por estatísticas, como batimentos cardíacos e mais. As métricas também são compatíveis com o Strava.

São quatro as lentes disponíveis e eles estarão disponíveis no Brasil e em outros países em 21 de outubro. O preço será de US$ 499 (R$ 2.650, na conversão direta) e o dispositivo já está disponível.

Ray-Ban Meta Display

Uma das grandes atrações da noite foi o Ray-Ban Meta Display, óculos de VR que chega com grande destaque: um pequeno display digital na lente direita que vai ser usado para funções, como notificações.

O novo dispositivo é controlado por uma pulseira inteligente, chamada Meta Neural Band, equipada com eletromiografia de superfície (sEMG, na sigla em inglês). Isso permite que a pulseira interprete os sinais elétricos e movimentos das mãos do usuário. E, detalhe: os gestos podem ser bem sutis.

Funciona assim:

  • Sinais elétricos dos músculos do antebraço (criados pelos neurônios localizados na medula espinhal e conectados a fibras musculares) são captados pelo sensor;
  • Então, o sEMG entende quais gestos o usuário pretende realizar, tais como toque, deslize, pinça e, até, reconhece a caligrafia de alguém;
  • Dessa forma, o usuário pode rolar, clicar e até escrever mensagens apenas com movimentos sutis dos dedos;
  • A Meta afirma que a tecnologia foi testada com quase 200 mil participantes ao longo de quatro anos de pesquisa;
  • Além de trazer praticidade, o recurso tem potencial de acessibilidade para pessoas com limitações motoras, segundo a companhia.

Mark Zuckerberg demonstrando o uso do Ray-Ban Meta Display
Mark Zuckerberg demonstrando o uso do Ray-Ban Meta Display (Imagem: Reprodução/YouTube/Meta)

O modelo foi desenvolvido em parceria com a EssilorLuxottica e marca a primeira vez que um dispositivo reúne microfones, alto-falantes, câmeras e um display colorido de alta resolução em um formato compacto e de uso cotidiano.

Segundo a Meta, o modelo foi pensado para “ajudar você a olhar para cima e permanecer presente“, permitindo acessar mensagens, visualizar fotos, conferir traduções, receber ajuda da Meta AI e até obter direções sem precisar tirar o celular do bolso.

Para Zuckerberg, “estamos substituindo teclados, mouses” e esse é “um novo capítulo no futura da tecnologia computacional”.

O display fica discretamente posicionado no canto da lente direita e não permanece ativo o tempo todo, sendo projetado para interações rápidas e sob controle do usuário. Entre os recursos disponíveis estão:

  • Meta AI com visuais, que mostra respostas e tutoriais passo a passo;
  • Mensagens e chamadas de vídeo pelo WhatsApp e Messenger, com a possibilidade de compartilhar em tempo real o que está sendo visto;
  • Visualização e zoom de fotos e vídeos com câmera integrada;
  • Navegação para pedestres, inicialmente em versão beta em algumas cidades;
  • Legendas e tradução ao vivo em tempo real;
  • Reprodução de música, com controle de faixas e volume via gestos.

A pulseira, feita com Vectran — material usado nos amortecedores do rover da Nasa em Marte —, é resistente, flexível, leve, à prova d’água (IPX7) e tem até 18 horas de bateria. Já os óculos contam com lentes Transitions, autonomia de até seis horas de uso misto e estojo de carregamento portátil que garante até 30 horas extras.

O Ray-Ban Meta Display estará disponível por US$ 799 (R$ 4.243,89) inicialmente em varejistas selecionados nos EUA, como Best Buy, LensCrafters, Sunglass Hut e lojas Ray-Ban, além de pontos da Verizon em breve.

A expansão para Canadá, França, Itália e Reino Unido está prevista para o início de 2026. O conjunto será oferecido em duas cores (preto e areia) e a pulseira virá em três tamanhos para melhor ajuste.

Segunda geração do Ray-Ban Meta

Os óculos inteligentes Ray-Ban Meta chegam a sua segunda geração, chamado de Ray-Ban Meta (Gen 2). Ele mantém as funcionalidades já conhecidas, mas traz melhorias importantes em desempenho e novos recursos.

A novidade mais destacada é a bateria aprimorada. O vestível pode durar até oito horas com uso típico, praticamente o dobro da autonomia da primeira versão. O carregamento rápido também é diferencial: em apenas 20 minutos, é possível atingir 50% da carga. O estojo de carregamento garante ainda 48 horas adicionais de uso, o que torna o modelo prático para longos eventos e atividades ao ar livre.

Óculos Ray-Ban Gen 2
Modelo terá boas melhorias em relação à geração anterior (Imagem: Divulgação/Meta)

Outra atualização importante é a qualidade de vídeo. Os novos óculos permitem gravação em 3K Ultra HD, com HDR ultrawide, até 60 quadros por segundo e mais do que o dobro de pixels em relação à geração anterior. Ainda neste ano, a Meta promete liberar novos modos de filmagem, incluindo hyperlapse e câmera lenta, mas não só no Gen 2: e, sim, em todos os modelos de óculos de IA da marca.

O Ray-Ban Meta (Gen 2) passa a ser vendido também na Suíça e na Holanda, com previsão de chegada ao Brasil em breve. Quanto ao design, o modelo estará disponível nos estilos Wayfarer, Skyler e Headliner, além de três novas cores sazonais por tempo limitado.

Os novos óculos inteligentes já podem ser adquiridos a partir de US$ 379 (R$ 2.013,06).

Três tipos de óculos de IA da Meta

Com a introdução do Meta Ray-Ban Display, a Meta, agora, tem três categorias de óculos de IA:

  • Óculos com câmera e IA: Ray-Ban e Oakley são as marcas que atuam em parceria com a big tech nessa categoria, mas a companhia informou que vai continuar “a expandir para mais estilos e marcas no futuro, oferecendo mais recursos habilitados para IA”;
  • Óculos com tela AI: o Meta Ray-Ban Display abre uma nova categoria, com tela poderosa e contextual;
  • Óculos de realidade aumentada (AR): óculos de realidade aumentada, como o protótipo Orion, apresentam grande visor holográfico e experiências digitais que são capazes de oferecer um plus ao mundo ao seu redor. “Continuamos trabalhando em uma versão para o consumidor do nosso protótipo Orion”, diz a Meta.

“O Meta Ray-Ban Display faz parte da nossa visão de construir a próxima plataforma de computação que coloca as pessoas no centro para que elas possam estar mais presentes, conectadas e empoderadas no mundo”, pontua a gigante de tecnologia.

Conversation focus

Durante o evento Connect, a empresa apresentou o “conversation focus”, recurso que utiliza os alto-falantes de áudio aberto para destacar a voz da pessoa com quem o usuário conversa, reduzindo ruídos de ambientes movimentados, como cafés e parques. A novidade será disponibilizada por meio de atualização de software tanto para o Ray-Ban Meta quanto para o Oakley Meta HSTN.

A tradução em tempo real também foi expandida e agora inclui suporte aos idiomas alemão e português. Com isso, será possível manter conversas entre seis línguas diferentes, mesmo no modo avião, desde que o pacote de idiomas esteja previamente baixado.

Hyperscape

A Meta anunciou, ainda, o Hyperscape, tecnologia que permite transformar ambientes reais em mundos virtuais fotorealistas. A novidade, apresentada pela primeira vez no evento do ano passado, chega agora em versão de acesso antecipado.

Com a ferramenta Hyperscape Capture, proprietários de dispositivos Quest 3 e Quest 3S, maiores de 18 anos, poderão escanear um cômodo em poucos minutos e convertê-lo em uma réplica digital imersiva. Embora a captura inicial seja rápida, a renderização completa do espaço pode levar algumas horas, segundo a empresa.

Quarto de Happy Kelli
Quarto de Happy Kelli agora faz parte da realidade virtual (Imagem: Reprodução/YouTube/Meta)

No lançamento, ainda não será possível convidar outras pessoas para visitar os ambientes virtuais criados. Essa função, no entanto, deve ser implementada futuramente por meio de links privados. A Meta também destacou que o rollout será gradual a partir de hoje, o que significa que nem todos os usuários terão acesso imediato.

A tecnologia já foi utilizada para recriar alguns ambientes em destaque, como a cozinha do chef Gordon Ramsay, em Los Angeles (EUA), a House of Kicks do cantor Chance the Rapper, o Octagon do UFC Apex, em Las Vegas (EUA), e o quarto de Happy Kelli, repleto de sua coleção de Crocs.

Agora, a empresa inicia a disponibilização ao público, reforçando seu investimento no metaverso, mesmo em meio ao foco maior do evento em novos óculos inteligentes.

Problemas na apresentação

Apesar de todo o hype trazido por Zuckerberg à apresentação, as novidades não funcionaram tão bem quanto esperado. Uma tentativa de chamada de vídeo e de fazer o AI Live ajudar um chef de cozinha a criar um molho com base nos ingredientes disponíveis acabaram caindo por terra. “A culpa é do Wi-Fi”, disse o chef. Zuckerberg demonstrou nítido desconforto com as duas situações.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.