ChatGPT vai estimar idade de usuários para restringir conversas com menores

OpenAI criou sistema que identifica menores de 18 anos para bloquear conteúdo sexual gráfico ou acionar pais em caso de “sofrimento agudo”
Por Bruna Barone, editado por Bruno Capozzi 17/09/2025 05h57
chatgpt
Até o final do mês, será possível vincular a conta de pais e responsáveis à conta do adolescente (Imagem: M-Production/Shutterstock)
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A OpenAI vai incluir um novo sistema no ChatGPT para estimar a idade de usuários e, assim, restringir interações potencialmente prejudiciais a menores de 18 anos. Isso inclui o bloqueio de conteúdo sexual gráfico e conversas com teor sexual. Além disso, a plataforma poderá acionar autoridades policiais em “casos raros de sofrimento agudo”.

As medidas estão em uma carta assinada pelo CEO Sam Altman intitulada “Segurança, liberdade e privacidade para adolescentes”. “Percebemos que esses princípios estão em conflito e que nem todos concordarão com a forma como estamos resolvendo esse conflito. São decisões difíceis, mas, após conversar com especialistas, é o que consideramos melhor e queremos ser transparentes em nossas intenções.”

A empresa já vinha sendo pressionada por pais, responsáveis e entidades da sociedade civil para aumentar o controle sobre o chatbot, especialmente após o caso Adam Raine. Os pais do jovem de 16 anos acusam a IA de incentivar o suicídio do rapaz, levando o processo para análise de um tribunal na Califórnia, nos Estados Unidos.

foto em zoom de uma pessoa acessando o ChatGPT em seu laptop
Menor de idade será automaticamente direcionado para uma experiência com políticas adequadas à faixa etária (Imagem: frimufilms/Freepik)

Como vai funcionar?

A OpenAI diz que está construindo um sistema de longo prazo para entender se alguém tem mais ou menos de 18 anos, indicando que a tecnologia deve receber atualizações. Ao identificar que um usuário é menor de idade, ele será automaticamente direcionado para uma experiência com políticas adequadas à idade.

“Isso não é fácil de acertar, e mesmo os sistemas mais avançados às vezes têm dificuldade em prever a idade. Se não tivermos certeza da idade de alguém ou tivermos informações incompletas, optaremos pelo caminho mais seguro e adotaremos a experiência para menores de 18 anos — e daremos aos adultos maneiras de comprovar sua idade para desbloquear capacidades adultas”, diz outro comunicado.

Em alguns casos ou países, o ChatGPT poderá solicitar um documento de identidade. “Sabemos que isso compromete a privacidade dos adultos, mas acreditamos que seja uma troca válida”, argumentou Sam Altman. Os detalhes sobre como isso será implantado e quais regiões estão incluídas no programa ainda não foram divulgados.

ChatGPT
Em alguns casos ou países, o ChatGPT poderá solicitar um documento de identidade (Imagem: PhotoGranary02/Shutterstock)

Além disso, sistemas automatizados vão monitorar possíveis usos indevidos graves, e os riscos mais críticos — ameaças à vida de alguém, planos de prejudicar terceiros ou danos em escala social, como um potencial incidente massivo de segurança cibernética — poderão ser encaminhados para análise humana.

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Impondo limites

Até o final do mês, o ChatGPT vai incluir controles parentais para todos os usuários, incluindo lembretes no aplicativo durante sessões longas para incentivar pausas. Como já anunciado, os novos recursos permitem:

  • Vincular a conta de pais e responsáveis à conta do adolescente (idade mínima de 13 anos) por meio de um simples convite por e-mail;
  • Definir horários de bloqueio quando um adolescente não pode usar o ChatGPT;
  • Gerenciar quais recursos desabilitar, incluindo memória e histórico de bate-papo;
  • Ajudar a orientar como o ChatGPT responde aos filhos adolescentes, com base em regras de comportamento específicas para cada adolescente;
  • Receber notificações quando o sistema detectar que o filho adolescente está em um momento de extrema angústia. 
Logo da OpenAI em um smartphone e ao fundo
Plataforma poderá acionar autoridades policiais em “casos raros de sofrimento agudo” (Imagem: Photo Agency/Shutterstock)

“Se não conseguirmos contatar um dos pais em uma emergência rara, podemos acionar a polícia como próximo passo. A contribuição de especialistas orientará esse recurso para fortalecer a confiança entre pais e adolescentes”, explica a empresa.

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.