Espécie de dinossauro com “capacete” é encontrada na Mongólia

Com novos fósseis em mãos, cientistas podem estudar como os paquicefalossauros evoluíram há mais de 230 milhões de anos
Bruna Barone18/09/2025 05h28
dinossauro Zavacephale
Dinossauros usavam o domo para comportamentos sociosexuais (Imagem: Masaya Hattori/Divulgação)
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Cientistas descobriram nas rochas da Formação Khuren Dukh, na Mongólia, uma nova espécie de um dos dinossauros mais intrigantes da história. O animal foi batizado de Zavacephale rinpoche e pode trazer pistas sobre o estilo de vida dos paquicefalossauros. O grupo é conhecido por suas cabeças de domo: crânios grossos, ósseos e abobadados. No entanto, com poucos fósseis do resto do corpo preservados, esses dinossauros ainda são pouco compreendidos. 

“O Zavacephale era um animal pequeno, medindo menos de um metro de comprimento, mas é o paquicefalossauro com o esqueleto mais completo já encontrado. Isso o torna um espécime importante para a compreensão do desenvolvimento da cúpula craniana dos paquicefalossauros”, explicou o Dr. Tsogtbaatar Chinzorigabre, principal autor do estudo que descreve a descoberta na revista Nature.

Antes do Zavacephale, o registro de paquicefalossauros limitava-se quase exclusivamente às suas cúpulas indestrutíveis. Com novos esqueletos em mãos, os cientistas podem estudar como a espécie evoluiu, já que as descobertas antecedem todos os outros fósseis conhecidos até então em cerca de 15 milhões de anos.

dinossauro Zavacephale
Nova espécie foi descoberta nas rochas da Formação Khuren Dukh, na Mongólia (Imagem: Tsogtbaatar Chinzorig/Divulgação)

“Ficávamos nos perguntando sobre aspectos básicos de sua anatomia, como a aparência de seus braços e o funcionamento de seu sistema digestivo. O esqueleto bem preservado do Zavacephale está nos ajudando a preencher as lacunas com seus membros anteriores reduzidos, mãos minúsculas e pedras no estômago para triturar alimentos”, disse a Dra. Lindsay Zanno, coautora da pesquisa.

Descoberta rica

O nome Zavacephale rinpoche combina as palavras “zava”, que significa “raiz” ou “origem” em tibetano, e cephal, que significa “cabeça” em latim. Já o nome específico, “rinpoche”, ou “precioso” em tibetano, refere-se ao crânio abobadado descoberto exposto em um penhasco como uma joia cabochão, explica a Universidade Estadual da Carolina do Norte, da qual os pesquisadores são associados.

Análises do osso da perna do espécime indicam que o animal morreu quando ainda era jovem, apesar de já ter a cúpula totalmente formada. A escavação foi feita no Deserto de Gobi, considerada uma das regiões mais ricas e diversificadas de fósseis de dinossauros e mamíferos primitivos.

“Os materiais recentemente recuperados de Z. rinpoche, como os elementos das mãos, os cálculos estomacais (gastrólitos) e uma cauda articulada com tendões cobertos, remodelam nossa compreensão da paleobiologia, locomoção e plano corporal desses dinossauros ‘misteriosos’”, diz Chinzorigabre.

crânio Zavacephale
Crânio do Zavacephale sugere que as cúpulas dos paquicefalossauros crescem mais rapidamente do que o resto do corpo (Imagem: North Carolina Museum of Natural Sciences)

Os primeiros registros fósseis dos paquicefalossauros já indicavam a presença de seus “capacetes”, indicando que os crânios característicos devem ter evoluído milhões de anos antes do que se tem conhecimento. E ainda não está claro o motivo pelo qual seus restos mortais são tão raros.

“Por um lado, os paquicefalossauros podem ter sido genuinamente raros em seus ecossistemas, de modo que não houve muitas oportunidades para fossilizarem ”, explica o professor Paul Barrett, do Museu de História Natural de Londres. “Por outro lado, eles podem ter vivido principalmente em ambientes interiores, onde a fossilização ocorria com menos frequência.”

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Deserto de Gobi é considerada uma das regiões mais ricas e diversificadas de fósseis de dinossauros (Imagem: zhaojiankang/iStock)

Nada de ficção

O grupo também é conhecido por incluir dinossauros com ancas de pássaros, ou ornitísquios, que evoluiu durante o Triássico Superior, há mais de 230 milhões de anos. E ao contrário do que os filmes podem nos fazer pensar, seus domos não eram exatamente usados para duelar em cabeçadas épicas.

“O consenso é que esses dinossauros usavam o domo para comportamentos sociosexuais. Os domos não teriam ajudado contra predadores ou para regular a temperatura, então provavelmente serviam para se exibir e competir por parceiros”, explicou Zanno. “Se você precisa se intrometer em um relacionamento, é uma boa ideia começar a ensaiar cedo.”

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.