Faz 30 anos que a NASA descobriu o primeiro exoplaneta orbitando uma estrela semelhante ao nosso Sol. De lá para cá, mapear mundos alienígenas se tornou uma das missões da agência espacial americana. E agora, os cientistas celebram um marco histórico: o número oficial de planetas conhecidos fora do nosso sistema solar chegou a 6.000.
“Este marco representa décadas de exploração cósmica impulsionada pelos telescópios espaciais da NASA – exploração que mudou completamente a forma como a humanidade vê o céu noturno”, disse Shawn Domagal-Goldman, diretor interino da Divisão de Astrofísica da Sede da agência em Washington. “Passo a passo, da descoberta à caracterização, as missões da NASA construíram a base para responder a uma pergunta fundamental: Estamos sozinhos?”
Outros 8.000 possíveis planetas descobertos por cientistas de todo o mundo são candidatos adicionais aguardando confirmação pela agência. E isso leva tempo, já que muitos deles precisam ser observados mais de uma vez. O trabalho é conduzido pelo Instituto de Ciência de Exoplanetas (NExScI) da NASA, sediado no Centro de Processamento e Análise em Infravermelho (IPAC) do Instituto de Tecnologia da Califórnia (Caltech) em Pasadena, Califórnia.

Universo exibe diversidade planetária
As descobertas se concentram em uma região relativamente pequena da nossa galáxia, a Via Láctea, dentro de milhares de anos-luz do nosso sistema solar (um ano-luz equivale a 9,46 trilhões de quilômetros). O exoplaneta conhecido mais próximo da Terra, Proxima Centauri b, ainda está a cerca de 4 anos-luz de distância.
E, sim, o Universo é diverso: há planetas com composições que variam de rochosas (como a Terra e Vênus) a ricas em gás (como Júpiter e Saturno), outros podem ser tomados por água ou gelo, enquanto alguns são dominados por ferro, carbono ou até mesmo lava. Há também aqueles que orbitam duas estrelas, nenhuma estrela ou estrelas mortas.
“Cada um dos diferentes tipos de planetas que descobrimos nos fornece informações sobre as condições sob as quais os planetas podem se formar e, em última análise, o quão comuns mundos como a Terra podem ser, e onde devemos procurá-los”, disse Dawn Gelino, chefe do Programa de Exploração de Exoplanetas (ExEP) da NASA, localizado no Laboratório de Propulsão a Jato (JPL) da agência, no sul da Califórnia. “Se quisermos descobrir se estamos sozinhos no Universo, todo esse conhecimento é essencial.”

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Antigas e novas missões prometem ampliar catálogo de planetas
O avanço de pesquisas espaciais indica que a taxa de descoberta de novos planetas só tende a aumentar. Análises de dados da já aposentada missão Gaia, da Agência Espacial Europeia (ESA), ainda devem contribuir significativamente para a identificação de mais candidatos por meio de uma técnica chamada astrometria, que se baseia na medida precisa da posição de corpos celestes, permitindo calcular distâncias e movimentos no espaço.
A NASA também aposta no futuro Telescópio Espacial Nancy Grace Roman para evoluir o mapeamento de exoplanetas. Um dos instrumentos a bordo da espaçonave testará novas tecnologias para bloquear a luz das estrelas e tornar visíveis sinais tênues, captando imagens diretas de planetas do tamanho e da temperatura de Júpiter.

A estratégia é particularmente interessante nesse tipo de missão, já que o brilho da estrela que um planeta orbita pode atrapalhar as pesquisas. No nosso caso, por exemplo, o Sol é cerca de 10 bilhões de vezes mais brilhante do que a Terra – o que seria mais do que suficiente para ofuscar a luz do nosso planeta natal se visto por um observador distante.