OMS alerta: lobby de indústrias atrasa políticas de saúde pública

Organização acusa setores de tabaco, álcool e alimentos de atrasarem regras que poderiam gerar US$ 1 trilhão e reduzir mortes evitáveis
Leandro Costa Criscuolo18/09/2025 16h34
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Imagem: Nopphon_1987/Shutterstock
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) acusou nesta quinta-feira (18) os setores de tabaco, álcool e alimentos ultraprocessados de exercerem forte pressão para impedir que governos implementem políticas de saúde capazes de salvar milhões de vidas.

Durante o encontro anual das Nações Unidas em Nova York, que dedicará um dia às doenças crônicas não transmissíveis, a OMS reforçou que esses produtos estão diretamente ligados ao aumento de câncer, doenças cardíacas e outras condições graves.

Segundo relatório da agência, investir apenas US$ 3 por pessoa poderia evitar mais de 12 milhões de mortes e gerar cerca de US$ 1 trilhão em economia global até 2030, por meio de menores custos de saúde e maior produtividade.

Agência da ONU denuncia pressão de indústrias de tabaco, álcool e ultraprocessados que tentam barrar impostos e restrições para reduzir doenças crônicas – Imagem: Shutterstock/View Apart

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Lobby intenso e resistência

  • Apesar dos benefícios comprovados, a OMS afirma que governos frequentemente enfrentam lobby agressivo das indústrias para bloquear ou adiar medidas como impostos sobre produtos nocivos, limites de marketing para crianças e regulamentações mais rígidas.
  • “É inaceitável que interesses comerciais lucrem com o aumento de mortes e doenças”, disse Etienne Krug, diretor da OMS.
  • O diretor-geral Tedros Adhanom Ghebreyesus acrescentou que “os governos enfrentam forte oposição de empresas que lucram com produtos não saudáveis”.
Empresas que lucram com produtos não saudáveis, como alimentos ultraprocessados, pressionam governos contra políticas para salvar vidas (Imagem: TY Lim/Shutterstock)

Reação das empresas

Representantes dos setores citados rejeitaram a acusação, dizendo acolher o diálogo e a oportunidade de contribuir com políticas mais eficazes. Associações de alimentos e bebidas afirmaram ser impreciso equiparar sua indústria à de tabaco e álcool. A Philip Morris International declarou que “a OMS não deve temer o diálogo — deve acolhê-lo”.

Ainda assim, grupos de saúde alertam que o rascunho da declaração política da ONU já foi diluído e pode resultar em metas menos ambiciosas para a prevenção de doenças crônicas.

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OMS acusa setores do tabaco, álcool e alimentos ultraprocessados, produtos que causam danos para a saúde, de lucrar com o aumento de mortes e doenças – Imagem: shutterstock/Doucefleur
Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.