Trilhões de visitantes interestelares podem estar escondidos na Via Láctea

Objetos interestelares como o 3i/ATLAS são abundantes em nossa galáxia; novos telescópios poderão revelar dezenas deles
Por Samuel Amaral, editado por Bruno Capozzi 19/09/2025 12h48, atualizada em 19/09/2025 13h18
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Imagem do 3I/ATLAS, um objeto interestelar descoberto em 1º de julho. Astrônomos estimam que trilhões deles existam pela galáxia. (Imagem: ATLAS / Universidade do Havaí / NASA).
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Astrônomos revelaram que visitantes interestelares como o Oumuamua, o Borisov e o 3I/ATLAS existem em abundância na Via Láctea. Novos observatórios, como o Vera C. Rubin, recém-inaugurado no Chile, podem aumentar nossa capacidade de detectar esses corpos espaciais viajantes.

Embora a humanidade tenha identificado apenas três deles na história, os ISOs (sigla em inglês para objetos espaciais interestelares) são comuns pela galáxia. Durante a reunião conjunta do Europlanet Science Congress (EPSC) e da Divisão de Ciências Planetárias (DPS), realizada na última semana em Helsinque, Finlândia, pesquisadores reafirmaram essa informação.

“Esses tipos de objetos interestelares são os corpos macroscópicos (capazes de se observar a olho nu) mais comuns na galáxia. O fato de termos encontrado apenas três deles é bem intrigante”, disse Chris Lintott, professor de astrofísica da Universidade de Oxford, segundo a cobertura do evento pelo site Space.com.

Animação mostra o cometa 3I/ATLAS em movimento com a junção de imagens obtidas a partir de Farm Tivoli, na Namibia, na noite do eclipse lunar de setembro de 2025. (Imagem: Michael Jaeger via Spaceweather.com)

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Os ISOs são planetesimais: blocos de rocha que funcionam como os tijolos de construção dos planetas. Por diversos motivos, eles conseguiram escapar de seus sistemas estelares e vagam pelo cosmos.

Segundo Lintott, astrônomos acreditam que existem trilhões deles na Via Láctea. “Quase sempre há um passando pelo Sistema Solar”, disse. Para ele, a humanidade tem dificuldade em detectá-los porque são pequenos, escuros e se movem rapidamente.

No entanto, esse cenário está prestes a mudar. A pesquisadora Rosemary Dorsey liderou uma equipe de estudo que estimou quantos ISOs diferentes uma campanha telescópica pode detectar.

Equipado com a maior câmera digital do mundo, o Observatório Vera C. Rubin irá captar imagens de alta qualidade do céu noturno pela próxima década. (Imagem: RubinObs/NOIRLab/SLAC/DOE/NSF/AURA/B. Quint)

Segundo a pesquisa, o Levantamento de Legado do Espaço e do Tempo (LSST, na sigla em inglês) – uma campanha de 10 anos em que astrônomos utilizarão o Observatório Vera C. Rubin para captar imagens de alta resolução do céu noturno – será capaz de detectar de seis a 51 visitantes interestelares.

Os pesquisadores acreditam que os ISOs são uma oportunidade única de se estudar os astros da Via Láctea para além do Sistema Solar. Enviar uma sonda para esses objetos seria a chance de a humanidade examinar amostras de exoplanetas, o que expandiria a compreensão sobre a química e a história evolutiva de nossa galáxia.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.