Uma antena parabólica de 70 metros de altura usada no passado para dar suporte a missões espaciais foi destruída pelas forças de defesa ucranianas. O radiotelescópio RT-70 estava sob controle da Rússia desde a anexação da península da Crimeia em 2014. Agora, a estrutura de 5.000 toneladas métricas está inoperante por causa de um ataque de drones, segundo o site Defense Express.
Nos últimos anos, o equipamento chegou a passar por melhorias para serviços de comunicação militar. Era essencial para aumentar em até 30% a precisão do sistema de navegação por satélite GLONASS, uma alternativa ao GPS americano.

O ataque teria ocorrido no final de agosto, quando drones operados pela Ucrânia miraram no receptor de rádio localizado no coração do telescópio. O equipamento foi produzido em Moscou como parte da última grande atualização da antena, realizada em 2011 — por isso, será difícil de ser substituído, diz a reportagem.
Passado glorioso
A antiga União Soviética foi responsável por construir três radiotelescópios RT-70 com o objetivo de formar a Rede Soviética do Espaço Profundo. Um projeto de meados da década de 1970, em plena Guerra Fria, quando a conquista do espaço dominava decisões políticas. A antena localizada perto da cidade de Yevpatoria, na costa do Mar Negro, foi fundamental para a comunicação dos programa de exploração de Vênus Venera, que se estendeu até o final da década de 1980.
Já a partir do anos 2000, o RT-70 passou a ser utilizado para enviar mensagens a planetas potencialmente habitáveis orbitando estrelas fora do sistema solar. Nenhuma delas chegou ao seu destino final. A primeira delas será entregue em 2029 a um planeta semelhante à Terra orbitando a estrela Gliese 581, a cerca de 20,5 anos-luz, segundo o site Space.com.

Além disso, a antena apoiou as missões Mars Express e Rosetta, da Agência Espacial Europeia, que pretendem explorar Marte e o Cometa 67/P. E também auxiliou pesquisas que buscam sinais de planetas, asteroides e objetos celestes distantes.
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Domínio russo
A Rússia se apossou de uma série de instalações astronômicas após anexar a Crimeia, uma região montanhosa com praias e clima ensolarado famosa por atrair turistas nos períodos de férias da antiga URSS. É também uma área propícia para observações astronômicas por causa do céu limpo, sem nuvens.
Atualmente, a Academia Russa de Ciências é responsável por gerenciar o telescópio de espelho Shain, a maior máquina óptica de observação do céu na Ucrânia, com um espelho de 2,3 metros, além de telescópios ópticos e telêmetros a laser no Observatório Simeiz, segundo o Orbital Today.

Já do outro lado da fronteira, o radiotelescópio de Kharkiv, na Ucrânia, foi danificado durante a ocupação russa, em 2022. Os militares teriam roubado computados e instrumentos do observatório — espalhando minas terrestres por uma área de 150.000 metros quadrados.