EUA: Meta amplia uso do modelo Llama em projetos de segurança nacional

Iniciativa faz parte da estratégia OneGov, que, segundo companhia, elimina negociações entre agências individuais, economizando tempo e reduzindo duplicação de esforços em todo o governo
Rodrigo Mozelli23/09/2025 19h02
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Todos os modelos estão abertos para uso por qualquer pessoa (Imagem: Fajri Mulia Hidayat/Shutterstock)
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A Meta detalhou como seus modelos de inteligência artificial (IA) Llama vêm sendo incorporados em diferentes iniciativas voltadas à segurança nacional dos Estados Unidos.

O anúncio da parceria com os EUA foi feito nesta segunda-feira (22). Segundo a empresa, dezenas de órgãos governamentais e parceiros da indústria já utilizam a tecnologia para apoiar setores militares e de inteligência com ferramentas avançadas, customizadas e seguras.

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Dezenas de órgãos governamentais e parceiros da indústria já utilizam a tecnologia para apoiar setores militares e de inteligência (Imagem: Divulgação/Meta)

Entre os parceiros citados estão Amazon Web Services (AWS) e Snowflake, que expandem o acesso ao Llama para ramos das Forças Armadas em ambientes e redes considerados altamente sensíveis. Outros parceiros empregam os recursos da IA para atender às necessidades de militares em serviço e desenvolver novos produtos voltados às suas missões.

A iniciativa faz parte da estratégia OneGov, que, segundo a Meta, elimina negociações entre agências individuais, economizando tempo e reduzindo a duplicação de esforços em todo o governo. Até então, o Llama estava disponível apenas para aplicações de segurança nacional, além do Laboratório Nacional da Estação Espacial Internacional.

“Os Estados Unidos estão na vanguarda da IA ​​e queremos garantir que todos os estadunidenses vejam os benefícios da inovação em IA por meio de serviços públicos melhores e mais eficientes. Com o Llama, as agências governamentais estadunidenses podem atender melhor às pessoas”, disse Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta.

A Meta diz que o Llama oferece às agências federais a capacidade de manter controle total sobre o processamento e armazenamento de dados. E o custo de criação e implantação é menor, já que os modelos de todo o ecossistema são públicos.

O acordo, aliás, não exigiu negociações de aquisição, pois os produtos estão disponíveis gratuitamente — diferentemente de modelos de Google, OpenAI e Anthropic, também adquiridos pelo governo dos EUA.

Inovação acelerada da IA da Meta

De acordo com a Meta, o Llama permite que organizações construam e implementem aplicações adaptadas às suas demandas específicas, mantendo controle total sobre o modelo e os dados dentro de suas próprias infraestruturas, já que o sistema foi lançado como código aberto.

Essa flexibilidade é apresentada como uma característica estratégica para o setor de segurança nacional e também para startups que buscam desenvolver soluções de forma eficiente em termos de recursos.

Logo da Meta na fachada de um prédio
Big tech ampliou seu leque de parceiros (Imagem: Poetra.RH/Shutterstock)

Operações especiais

Uma das aplicações destacadas é o SOFChat, primeira plataforma de IA generativa de uso corporativo do Comando de Operações Especiais dos EUA (USSOCOM). O sistema foi desenvolvido em parceria com a startup Legion Intelligence, que integrou o Llama à ferramenta.

O SOFChat fornece análises em velocidade de máquina e monitoramento em tempo real das condições no terreno, permitindo que relatórios de inteligência sejam gerados até 18 vezes mais rápido e vídeos processados nove vezes com maior agilidade, diz a empresa de Zuckerberg.

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Uso em campo

  • Outro diferencial apresentado é a possibilidade de treinar o modelo com dados seguros e implementá-lo diretamente em dispositivos locais, sem depender de conexão à internet;
  • Essa capacidade é considerada útil para militares em missões em locais remotos ou em condições extremas;
  • A EdgeRunner AI, por exemplo, desenvolveu um modelo baseado no Llama capaz de rodar em laptops convencionais, o que possibilita uso em cenários adversos;
  • Entre as aplicações citadas estão a identificação de áreas seguras para pouso de aeronaves, tradução de idiomas e cálculos rápidos de necessidades de suprimentos, como água e alimentos.

Apoio a treinamentos

A Lockheed Martin também emprega o Llama em atividades de treinamento e simulação de voo para a Força Aérea, a Marinha e pilotos internacionais.

Utilizando a plataforma AI Factory da empresa, a equipe Skunk Works criou um assistente virtual capaz de acelerar a compreensão dos engenheiros sobre os princípios do Joint Simulation Environment (JSE) do governo. Isso, segundo a Meta, teria permitido a integração rápida de modelos e o desenvolvimento de novas capacidades em áreas nas quais os profissionais tinham conhecimento limitado.

Pilotos da Força Aérea dos EUA testando o eVTOL voando remotamente
Força aérea dos EUA também adotou o Llama (Imagem: Divulgação/Força Aérea dos Estados Unidos)

Meta em expansão contínua de IA

A Meta afirma ainda que esses são apenas alguns exemplos da aplicação do Llama no setor de defesa e segurança. A empresa declarou esperar ampliar o apoio ao governo dos EUA e a aliados, com o objetivo de “impulsionar descobertas, ganhos de eficiência e avanços tecnológicos, além de contribuir para a proteção do país”.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.