Astrônomos analisaram um sistema estelar compacto (CSS) ao redor de uma galáxia espiral próxima. Os dados coletados pela equipe indicam que esse CSS pode ser, na verdade, uma galáxia anã ultracompacta (UCD). A descoberta está disponível no servidor de pré-impressão arXiv, onde aguarda a revisão por pares.
Conhecida como NGC 7531, a galáxia estudada está a 72,4 milhões de anos-luz da Terra, na constelação de Grus, e tem um tamanho aproximado de 95 mil anos-luz de diâmetro. Observações anteriores mostraram que há uma enorme nuvem de detritos estelares em forma de concha e um CSS ao seu lado.
Essas subestruturas se formam normalmente quando galáxias satélites se fundem com suas hospedeiras e se fragmentam durante o evento. Dentre os objetos espaciais que podem sobrar desse processo, estão os aglomerados estelares nucleares (NSCs), conjuntos densos de estrelas que tendem a evoluir para galáxias anãs ultracompactas (UCDs).

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Observações indicam que sistema estelar pode ser uma galáxia anã
Na nova pesquisa, a equipe revelou informações sobre o sistema estelar ao redor de NGC 7531. O grupo utilizou dados do DESI (Instrumento de Espectroscopia da Energia Escura, em português), uma ferramenta do Telescópio Mayall, no Arizona, e do Observatório Keck, no Havaí, ambos nos Estados Unidos.
“Nossos objetivos são determinar a natureza do CSS, reconstruir seu histórico de acreção e entender como a grande estrutura difusa em forma de concha se formou”, escreveram os pesquisadores no estudo.
A análise revelou que o CSS tem cerca de 3,7 milhões de massas solares e 3,7 bilhões de anos. Seu raio de meia-luz, a distância do centro até uma região onde sua luminosidade cai pela metade, foi estimado em 45,6 anos-luz.

O grupo descobriu que esse sistema estelar passou por um período intenso de formação de estrelas há cerca de um bilhão de anos. Segundo os autores, os dados indicam que o CSS estudado é, na verdade, uma NSC que se tornou uma galáxia anã ultracompacta e pode ainda estar experimentando a remoção de maré: força gravitacional que estica e arranca estrelas da galáxia menor.
Os pesquisadores então o nomearam de NGC 7531-UCD1. A equipe disse que essa nova galáxia é uma adição essencial à lista de objetos que confirmam a hipótese de que NSCs evoluem para UCDs.
“Nossas descobertas concordam com as previsões teóricas sobre o caminho de formação do NSC para o UCD por meio da remoção de maré e confirmam ainda mais a presença desses objetos fora da nossa Via Láctea“, concluíram os astrônomos.