“Biobancos” podem garantir preservação de espécies, mas há um problema

Estes espaços são utilizados para armazenar células animais a -196°C, a mesma temperatura do nitrogênio líquido
Alessandro Di Lorenzo25/09/2025 06h01
animais selvagens
Imagem: zef art/Shutterstock
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Os chamados “biobancos” são espaços utilizados para armazenar células animais a -196°C, a temperatura do nitrogênio líquido. Esse trabalho é fundamental para garantir a preservação de espécies ameaçadas de extinção e da diversidade de uma forma geral.

Em artigo publicado no portal The Conversation, James Edward Brereton, estudante de doutorado da Universidade Nottingham Trent, na Inglaterra, aborda alguns desafios relacionados a este processo. E propõe algumas mudanças na abordagem dos cientistas.

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Objetivo é preservar genética dos animais (Imagem: CIPhotos/iStock)

Priorização de determinadas espécies

  • O pesquisador explica que, nos últimos 50 anos, tecidos de muitos animais foram congelados, incluindo tigres, pandas e rinocerontes.
  • Mas muitas outras espécies nunca foram preservadas dessa maneira.
  • Isso inclui alguns dos exemplares mais ameaçados do planeta, como os gorilas da montanha.
  • Segundo ele, a disponibilidade de amostras é um fator chave na escolha dos animais a serem preservados.
  • Além disso, o conhecimento sobre a reprodução da espécie acaba sendo importante.

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É preciso olhar também para os animais que não estão ameaçados

A União Internacional para a Conservação da Natureza, uma organização dedicada a avaliar o status de ameaça à vida selvagem, estabeleceu seu grupo de especialistas em Biobanco de Animais para Conservação em 2022. Esta rede visa promover a cooperação e uma abordagem mais ampla do biobanco, que até agora tem sido realizada numa base individual e organizacional.

Permitir que os cientistas coordenem seus esforços internacionalmente pode ajudar as organizações de criobanco a serem mais estratégicas na aquisição de material genético, evitando a duplicação de amostras e identificando espécies em risco de serem deixadas de fora.

James Edward Brereton, estudante de doutorado da Universidade Nottingham Trent
Onça pintada é um exemplo de espécie ameaçada de extinção (Imagem: Daiane Cris/Shutterstock)

No entanto, o pesquisador defende que também é preciso pensar em espécies que não estão criticamente ameaçadas no momento, mas que podem se tornar no futuro. Ele lembra que momento em que um grupo corre o risco de desaparecer, a diversidade genética dessa população já diminuiu significativamente.

Se coletarmos amostras de animais que ainda não estão criticamente ameaçados, essas amostras provavelmente se tornarão valiosas no futuro. Em última análise, precisamos de um plano unificado para não permitir que o preconceito e a falta de estratégia moldem quais espécies veremos no futuro.

James Edward Brereton, estudante de doutorado da Universidade Nottingham Trent
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.