Designer de moda usa alucinações da IA para reinventar design e desafiar padrões

A designer de moda Norma Kamali aposta nas alucinações da IA como fonte criativa para expandir os limites da moda.
Por Maurício Thomaz, editado por Bruno Capozzi 25/09/2025 06h30
Norma Kamali usa IA em seus processos e vê nas alucinações uma chance de inovar.
Norma Kamali usa IA em seus processos e vê nas alucinações uma chance de inovar (Imagem: Julien Tromeur / Shutterstock)
Compartilhe esta matéria
Ícone Whatsapp Ícone Whatsapp Ícone X (Tweeter) Ícone Facebook Ícone Linkedin Ícone Telegram Ícone Email

Enquanto muitas empresas de tecnologia buscam reduzir as chamadas alucinações da IA — situações em que sistemas de inteligência artificial inventam informações ou geram imagens fora do comum — a designer de moda Norma Kamali enxerga nesse “defeito” uma oportunidade criativa.

Aos 80 anos, a estilista, conhecida por inovações que marcaram a moda desde os anos 1970, tem usado a tecnologia como ferramenta para expandir sua imaginação. As informações são da Fast Company.

Alucinações como fonte de criatividade na moda

Kamali desenvolveu, em parceria com cientistas da computação, uma plataforma de IA treinada. O sistema já a ajudou a recriar versões do icônico Sleeping Bag Coat e propor peças inéditas. Mas, segundo ela, os resultados mais fascinantes aparecem justamente quando a inteligência artificial “alucina”.

Em um exemplo curioso, Kamali pediu que a IA unisse um maiô com cauda de peixe e um casaco de dormir. O resultado foi, segundo a estilista, “louco e maravilhoso, em uma mistura de arte, moda e tecnologia”. Para Kamali, essas distorções representam uma nova forma de inspiração, que dificilmente surgiria em um processo tradicional de design.

criação de moda feita pelo chatgpt
Pedimos para o ChatGPT criar uma imagem que unisse um maiô com cauda de peixe e um casaco de dormir, e o resultado foi este! (Imagem: Olhar Digital / ChatGPT)

Risco, inovação e novas parcerias

A relação de Kamali com a IA reflete seu histórico de tomar decisões fora do padrão. Ao longo da carreira, ela se destacou por criar tendências antes de seu tempo:

  • O Sleeping Bag Coat nos anos 1970, precursor dos atuais casacos puffers;
  • A linha Sweats nos anos 1980, que antecipou o conceito de athleisure;
  • A parceria com o Walmart nos anos 2000, levando roupas sofisticadas a preços acessíveis;
  • A abertura para usar a IA como ferramenta de experimentação artística.
inteligencia artificial
O uso da IA na criação de novos designs só demonstra o quanto a estilista é disposta a tomar decisões fora do padrão (Imagem: tadamichi/Shutterstock)

Segundo a estilista, o segredo do sucesso está em se manter aberta a novas ideias, mesmo quando parecem arriscadas. “Sempre há medo, mas existe muito mais oportunidade. Estou me divertindo pedindo para a IA brincar com minhas ideias”, afirma.

Leia mais:

Para Kamali, as alucinações da IA não são erros a serem eliminados, mas sim parte de um processo criativo que pode transformar a moda. Ela reconhece que, no futuro, essas falhas podem desaparecer à medida que os sistemas se tornem mais precisos. Ainda assim, celebra esse momento como um ponto único da história em que a tecnologia ajuda designers a repensar limites estéticos.

Maurício Thomaz
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista com mais de 13 anos de experiência, tenho faro pela audiência e verdadeira paixão em buscar alternativas mais assertivas para a entrega do conteúdo ao usuário.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.