Regras de moderação do YouTube sobre Covid-19 e eleições ficam mais brandas

YouTube vai reintegrar contas banidas por desinformação sobre Covid-19 e eleições de 2020 após pressão política nos EUA
Por Valdir Antonelli, editado por Bruno Capozzi 25/09/2025 08h37
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(Imagem: Mijansk786 / Shutterstock)
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O YouTube divulgou que irá reintegrar contas banidas por postarem desinformação sobre a Covid-19 e sobre as eleições de 2020, revertendo sua política de violação de conteúdo. De acordo com a CNN, a Alphabet anunciou as alterações em carta enviada ao deputado Jim Jordan, chefe do Comitê Judiciário da Câmara.

A mudança de posição se deve à existência de uma investigação para saber se o governo Biden tentou pressionar as empresas de tecnologia a retirarem do ar alguns conteúdos. Além disso, a decisão também responde às cobranças de Trump e de outros políticos republicanos.

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YouTube muda sua política de violação de conteúdo e pode reativar contas banidas por divulgar informações falsas sobre a Covid-19 e as eleições de 2020 nos Estados Unidos. Crédito: Peter Hansen/iStock

Medida mostra retrocesso sobre os esforços de moderação da plataforma

A mudança em sua diretriz de conteúdo demonstra como o YouTube, mas também outras plataformas, está retrocedendo em seus esforços de moderação de conteúdo, o que vem se acelerando por pressão política.

Hoje, as Diretrizes da Comunidade do YouTube permitem uma gama mais ampla de conteúdo relacionado à Covid e à integridade das eleições.

Daniel Donovan, advogado da Alphabet, em carta enviada ao presidente do Judiciário da Câmara.

Até então, a plataforma proibia publicações que divulgassem informações falsas sobre a Covid-19 e o resultado das eleições de 2020, quando Biden derrotou Trump. Entre as contas banidas, segundo a CNBC, que agora poderão ser reativadas, estão:

  • Dan Bongino — O canal “Dan Bongino Show” foi permanentemente banido por violar as políticas de desinformação sobre COVID-19, incluindo alegações sobre máscaras.
  • Steve Bannon — O canal do podcast “War Room”, de Steve Bannon, além de outro canal associado, foi removido do YouTube por repetidas violações das regras de comunidade, incluindo conteúdos com alegações de fraude eleitoral.
  • Robert F. Kennedy Jr.— O grupo Children’s Health Defense, vinculado a RFK Jr., teve seus canais banidos ou removidos sob as políticas do YouTube contra desinformação sobre vacinas.

YouTube afirma “compromisso com a liberdade de expressão”

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Assim como o YouTube, outras plataformas flexibilizaram suas políticas de conteúdo para atender a pressão do governo Trump e de políticos conservadores. Crédito: hapabapa/iStock

O advogado da Alphabet explica na carta que “o YouTube valoriza as vozes conservadoras em sua plataforma e reconhece que esses criadores têm amplo alcance e desempenham um papel importante no discurso cívico”.

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Donovan também afirma que o governo Biden obrigou a plataforma a remover conteúdo relacionado à Covid-19 que “não violava” as políticas da plataforma na época.

É inaceitável e errado quando qualquer governo, incluindo o governo Biden, tenta ditar como a empresa modera o conteúdo.

Daniel Donovan, advogado da Alphabet, em carta enviada ao presidente do Judiciário da Câmara.

O anúncio segue a postura semelhante adotada por outras Big Techs, como a Meta e a X que flexibilizaram as normas de moderação de conteúdo de suas plataformas.

Valdir Antonelli
Colaboração para o Olhar Digital

Valdir Antonelli é jornalista com especialização em marketing digital e consumo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.