Quais animais já foram ao espaço antes da “Arca de Noé”?

Desde os primórdios da exploração espacial, animais foram enviados em missões. Veja quais espécies já viajaram além da Terra
Por Kelvin Leão Nunes da Costa, editado por Layse Ventura 26/09/2025 10h22
Ham, o chimpanzé, primeiro grande símio no espaço durante o voo suborbital
Ham, o chimpanzé, primeiro grande símio no espaço durante o voo suborbital de 31 de janeiro de 1961 a bordo do Mercury-Redstone 2 / Crédito: domínio público – Wikimedia
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A recente missão da cápsula espacial russa Arca de Noé chamou a atenção ao retornar à Terra trazendo pequenos animais e outros materiais biológicos. Foram enviados 75 camundongos, mais de 1,5 mil moscas, culturas celulares, microrganismos, sementes e diferentes amostras para estudos.

Os experimentos tiveram como foco a fisiologia gravitacional em animais, com o objetivo de desenvolver tecnologias que possam sustentar a vida humana em longas missões espaciais, enfrentando os desafios da microgravidade e da radiação cósmica.

No entanto, essa não foi a primeira vez que o espaço recebeu passageiros não humanos. Desde a década de 1940, diferentes espécies foram ao espaço em nome da ciência. Neste artigo, vamos relembrar quais animais e os motivos dessas experiências. Acompanhe!

Cachorra Laika
Cachorra Laika / Crédito: domínio público – Wikimedia

Moscas, abelhas e outros insetos

As primeiras pioneiras: moscas-das-frutas (1947)

O primeiro voo com seres vivos no espaço aconteceu em 1947, quando moscas-das-frutas foram lançadas pelos Estados Unidos em um foguete V-2. O objetivo era estudar os efeitos da radiação cósmica em organismos vivos. Esses insetos voltaram vivos à Terra, abrindo caminho para missões mais ambiciosas.

Abelhas no espaço na missão Challenger
Abelhas no espaço na missão Challenger / Crédito: Sciowa (reprodução)

Abelhas e aranhas no espaço

Com o passar das décadas, outros insetos foram ao espaço em experimentos. Em 1985, o ônibus espacial Challenger levou abelhas para investigar como construíam colmeias em microgravidade. 

Já em 2008, duas aranhas foram à Estação Espacial Internacional (ISS) para analisar se seriam capazes de tecer teias em ambiente de gravidade reduzida.

Esses estudos ajudaram a entender não só a biologia animal, mas também como 1957organismos pequenos se adaptam a condições extremas.

Primatas

macaco albert
Albert, o macaco / Crédito: domínio público – Wikimedia

Albert II, o primeiro mamífero no espaço (1949)

Pouco tempo depois das moscas, em 1949, os Estados Unidos enviaram o macaco rhesus Albert II. Ele se tornou o primeiro mamífero no espaço, mas infelizmente morreu na reentrada.

Able e Baker (1959)

Uma década depois, os macacos esquilos Able e Baker sobreviveram a um voo suborbital norte-americano. Eles se tornaram símbolos da pesquisa espacial.

Enos, o terceiro grande símio e único chimpanzé a orbitar a Terra, sendo preparado para lançamento no Mercury-Atlas 5
Enos, o terceiro grande símio e único chimpanzé a orbitar a Terra, sendo preparado para lançamento no Mercury-Atlas 5 / Crédito: domínio público – Wikimedia

Grandes primatas

Chimpanzés como Ham e Enos foram essenciais para os testes do programa Mercury antes do primeiro voo humano. Ham viajou em um voo suborbital em janeiro de 1961, enquanto Enos foi o único chimpanzé a orbitar a Terra em novembro do mesmo ano. Ambos ajudaram a comprovar que primatas podiam sobreviver e retornar em segurança do espaço.

Cães e gatos

Laika, a cadela mais famosa (1957)

Talvez o caso mais conhecido seja o da cadela Laika, que foi ao espaço a bordo do Sputnik em 1957 pela União Soviética. Ela foi o primeiro ser vivo a orbitar a Terra, mas não sobreviveu à missão.

Cachorra Laika
Cachorra Laika / Crédito: domínio público – Wikimedia

Belka e Strelka (1960)

Três anos depois, também pela URSS, as cadelas Belka e Strelka se tornaram os primeiros animais a orbitar o planeta e retornar com vida. O sucesso dessa missão consolidou o programa espacial soviético.

Félicette, a primeira gata no espaço (1963)

A França também marcou presença em 1963, ao enviar a gata Félicette em um voo suborbital. O experimento forneceu dados sobre atividade cerebral em microgravidade.

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Hamsters, ratos e cobaias

Animais em voo de foguete, um filme da Força Aérea dos EUA de 1953, mostrando dois ratos e dois macacos em um voo subespacial a 37 milhas de altitude.

Desde os anos 1960, cientistas utilizaram roedores para estudar os efeitos do espaço em músculos, ossos e reprodução. Em 1961, enviaram ratos e hamsters em cápsulas soviéticas e norte-americanas, e também testaram cobaias (porquinhos-da-índia).

Nas décadas seguintes, levaram ratos à ISS em diversas missões, permitindo compreender a perda de massa óssea e muscular em microgravidade e fornecendo dados essenciais para planejar longas viagens espaciais.

Peixes, sapos e tartarugas

As tartarugas estepe da missão Zond 5
As tartarugas estepe da missão Zond 5 da Rússia, que realizaram o primeiro voo bem-sucedido ao redor da Lua e sobreviveram ao retorno ao Oceano Índico, provando que a vida podia suportar a viagem lunar / Crédito: S.P. Korolev – RSC Energia / Cortesia da NASA

Tartarugas na órbita da Lua (1968)

Em 1968, a missão soviética Zond 5 levou duas tartarugas ao redor da Lua, marcando a primeira vez que animais completaram essa jornada. Elas retornaram vivas à Terra, ajudando a estudar os efeitos das viagens espaciais em organismos vivos.

Sapos no espaço

Em 1970, dois sapos-touro foram enviados na missão Orbiting Frog Otolith para investigar como a microgravidade afeta o sistema vestibular e o equilíbrio. A experiência buscava compreender as causas do enjoo espacial e o funcionamento do ouvido interno em ambiente sem gravidade. 

Peixes no espaço

Em 1973, a NASA enviou mummichog ao espaço para estudar o nado em microgravidade, iniciando pesquisas sobre a adaptação de peixes ao ambiente espacial.

Experimentos posteriores incluíram peixe-zebra em missões soviéticas, na ISS e, mais recentemente, na estação chinesa Tiangong. Nela, os cientistas observaram comportamentos curiosos e testaram ecossistemas aquáticos fechados para estudar efeitos da microgravidade em vertebrados e a viabilidade de suporte à vida em missões longas.

Kelvin Leão Nunes da Costa
Colaboração para o Olhar Digital

Jornalista formado pela Anhembi Morumbi, ama futebol e cinema. Cursou engenharia antes de descobrir sua paixão pelo jornalismo. Atualmente é analista de conteúdo e colaborador no Olhar Digital.

Layse Ventura
Editor(a) SEO

Layse Ventura é jornalista (Uerj), mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento (Ufsc) e pós-graduada em BI (Conquer). Acumula quase 20 anos de experiência como repórter, copywriter e SEO.