Ham, o chimpanzé, primeiro grande símio no espaço durante o voo suborbital de 31 de janeiro de 1961 a bordo do Mercury-Redstone 2 / Crédito: domínio público – Wikimedia
A recente missão da cápsula espacial russa Arca de Noé chamou a atenção ao retornar à Terra trazendo pequenos animais e outros materiais biológicos. Foram enviados 75 camundongos, mais de 1,5 mil moscas, culturas celulares, microrganismos, sementes e diferentes amostras para estudos.
Os experimentos tiveram como foco a fisiologia gravitacional em animais, com o objetivo de desenvolver tecnologias que possam sustentar a vida humana em longas missões espaciais, enfrentando os desafios da microgravidade e da radiação cósmica.
No entanto, essa não foi a primeira vez que o espaço recebeu passageiros não humanos. Desde a década de 1940, diferentes espécies foram ao espaço em nome da ciência. Neste artigo, vamos relembrar quais animais e os motivos dessas experiências. Acompanhe!
O primeiro voo com seres vivos no espaço aconteceu em 1947, quando moscas-das-frutas foram lançadas pelos Estados Unidos em um foguete V-2. O objetivo era estudar os efeitos da radiação cósmica em organismos vivos. Esses insetos voltaram vivos à Terra, abrindo caminho para missões mais ambiciosas.
Com o passar das décadas, outros insetos foram ao espaço em experimentos. Em 1985, o ônibus espacial Challenger levou abelhas para investigar como construíam colmeias em microgravidade.
Já em 2008, duas aranhas foram à Estação Espacial Internacional (ISS) para analisar se seriam capazes de tecer teias em ambiente de gravidade reduzida.
Esses estudos ajudaram a entender não só a biologia animal, mas também como 1957organismos pequenos se adaptam a condições extremas.
Pouco tempo depois das moscas, em 1949, os Estados Unidos enviaram o macaco rhesus Albert II. Ele se tornou o primeiro mamífero no espaço, mas infelizmente morreu na reentrada.
Uma década depois, os macacos esquilos Able e Baker sobreviveram a um voo suborbital norte-americano. Eles se tornaram símbolos da pesquisa espacial.
Chimpanzés como Ham e Enos foram essenciais para os testes do programa Mercury antes do primeiro voo humano. Ham viajou em um voo suborbital em janeiro de 1961, enquanto Enos foi o único chimpanzé a orbitar a Terra em novembro do mesmo ano. Ambos ajudaram a comprovar que primatas podiam sobreviver e retornar em segurança do espaço.
Talvez o caso mais conhecido seja o da cadela Laika, que foi ao espaço a bordo do Sputnik em 1957 pela União Soviética. Ela foi o primeiro ser vivo a orbitar a Terra, mas não sobreviveu à missão.
Três anos depois, também pela URSS, as cadelas Belka e Strelka se tornaram os primeiros animais a orbitar o planeta e retornar com vida. O sucesso dessa missão consolidou o programa espacial soviético.
A França também marcou presença em 1963, ao enviar a gata Félicette em um voo suborbital. O experimento forneceu dados sobre atividade cerebral em microgravidade.
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Desde os anos 1960, cientistas utilizaram roedores para estudar os efeitos do espaço em músculos, ossos e reprodução. Em 1961, enviaram ratos e hamsters em cápsulas soviéticas e norte-americanas, e também testaram cobaias (porquinhos-da-índia).
Nas décadas seguintes, levaram ratos à ISS em diversas missões, permitindo compreender a perda de massa óssea e muscular em microgravidade e fornecendo dados essenciais para planejar longas viagens espaciais.
Em 1968, a missão soviética Zond 5 levou duas tartarugas ao redor da Lua, marcando a primeira vez que animais completaram essa jornada. Elas retornaram vivas à Terra, ajudando a estudar os efeitos das viagens espaciais em organismos vivos.
Em 1970, dois sapos-touro foram enviados na missão Orbiting Frog Otolith para investigar como a microgravidade afeta o sistema vestibular e o equilíbrio. A experiência buscava compreender as causas do enjoo espacial e o funcionamento do ouvido interno em ambiente sem gravidade.
Em 1973, a NASA enviou mummichog ao espaço para estudar o nado em microgravidade, iniciando pesquisas sobre a adaptação de peixes ao ambiente espacial.
Experimentos posteriores incluíram peixe-zebra em missões soviéticas, na ISS e, mais recentemente, na estação chinesa Tiangong. Nela, os cientistas observaram comportamentos curiosos e testaram ecossistemas aquáticos fechados para estudar efeitos da microgravidade em vertebrados e a viabilidade de suporte à vida em missões longas.
Esta post foi modificado pela última vez em 26 de setembro de 2025 10:22