‘Vírus gigante’ é descoberto no Pantanal

Além do tamanho incomum, o vírus apresenta um corpo envolto por uma espécie de “manto” e uma cauda flexível que se dobra e se alonga
Alessandro Di Lorenzo26/09/2025 05h30
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Imagem: Corona Borealis Studio/Shutterstock
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Um grupo de pesquisadores fez uma descoberta e tanto durante trabalho de recolhimento de amostras de água do rio Paraguai, no Pantanal. Eles identificaram um novo vírus, considerado o maior com cauda já descrito até hoje.

Batizado de Naiavírus, ele mede cerca de 1.350 nanômetros (nm). Isso é imperceptível a olho nu, claro, mas o número chama a atenção por ser muito maior do que o comum para estes organismos (de 20 a 200 nm).

Vírus chamou a atenção por seu tamanho incomum (Imagem: Nature Communications)

Vírus não é capaz de infectar humanos

Segundo informações da Agência FAPESP, o grupo de pesquisa analisou 439 amostras até encontrar sinais do vírus no município de Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul. Os pesquisadores explicam que, diferente dos patógenos que provocam doenças em humanos, como o da gripe ou o coronavírus, o Naiavírus infecta apenas amebas.

Além do tamanho incomum, ele tem um corpo envolto por uma espécie de “manto” e uma cauda flexível que se dobra e se alonga. Ela funciona como uma ferramenta para se aproximar das amebas e facilitar a infecção.

Descoberta aconteceu no Pantanal (Imagem: Andre Maceira/Shutterstock)

Outro ponto destacado pela equipe é o tamanho do genoma do vírus: quase 1 milhão de pares de bases de DNA. Muitos genes não têm semelhança com nada já registrado, com funções que antes se acreditava só existirem em células complexas, como bactérias e eucariotos. Isso pode ser resultado do processo de evolução.

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Naiavírus infecta apenas amebas (Imagem: Nature Communications)

Importância da descoberta

  • Segundo os cientistas responsáveis pelo trabalho, as proteínas do vírus são originárias de uma divergência muito antiga, próxima do surgimento da vida na Terra.
  • A expectativa é que elas possam ser usadas para produzir medicamentos e enzimas de interesse biotecnológico.
  • Além disso, podem contribuir para esclarecer questões fundamentais da biologia, como o processo de eucariogênese, a formação de núcleos em células eucarióticas primitivas.
  • As descobertas foram descritas em estudo publicado na revista Nature Communications.
Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.