Conheça a doença rara que impede as pessoas de sentirem medo

A doença Urbach-Wiethe é uma condição genética extremamente rara, sendo identificada em apenas cerca de 400 pessoas em todo o mundo
Por Alessandro Di Lorenzo, editado por Bruno Capozzi 26/09/2025 05h40
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Imagem: KinoMasterskaya/Shutterstock
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Ninguém gosta de sentir medo, mas esse sentimento é fundamental para a sobrevivência. Esta é a forma de preparar o corpo para reagir a ameaças, o que nos permite tomar decisões mais prudentes e até superar desafios.

No entanto, nem todas as pessoas reagem dessa forma. É o caso dos pacientes diagnosticados com a doença de Urbach-Wiethe. Esta condição genética é extremamente rara, sendo identificada em apenas cerca de 400 indivíduos.

Entender esta condição é um desafio para a própria medicina (Imagem: raker/Shutterstock)

Mutação provoca a doença

  • Cientistas explicam que a doença de Urbach-Wiethe é causada por uma única mutação no gene ECM1, encontrado no cromossomo 1.
  • A ECM1 é uma das muitas proteínas cruciais para manter a matriz extracelular (ECM), uma rede de suporte que mantém as células e tecidos no lugar.
  • Quando é danificada, o cálcio e o colágeno começam a se acumular, causando a morte celular.
  • Uma parte do corpo que parece ser particularmente vulnerável a esse processo é a amígdala, uma região do cérebro que há muito se acredita desempenhar um papel no processamento do medo.
  • Mas novos estudos apontam que a amígdala pode desempenhar um papel mais importante em certos tipos de medo do que em outros.
  • As informações são da BBC.

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(Imagem: Antonio Guillem/Shutterstock)

O papel da amígdala

Os pesquisadores explicam que a amígdala parece ser crucial para o condicionamento do medo. Experimentos com roedores mostram que os animais que sofrem um choque elétrico imediatamente após um ruído aprendem a congelar quando apresentados apenas ao ruído. Pacientes com a doença, no entanto, não experimentam batimentos cardíacos acelerados e ondas de adrenalina quando expostas a um estímulo que já foi associado à dor.

Já quando se trata de ameaças externas, a amígdala age direcionando as outras partes do cérebro e do corpo para produzir uma resposta. Primeiro, ele recebe informações das áreas do cérebro que processam a visão, o olfato, o paladar e a audição. Ao detectar uma ameaça, ela envia mensagens para o hipotálamo, uma região logo acima da nuca, que então se comunica com a glândula pituitária, que por sua vez faz com que as glândulas supra-renais liberem cortisol e adrenalina na corrente sanguínea.

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Amígdalas desempenham papel importante na expressão do medo (Imagem: Danilo Oliveira/Dall-E/Olhar Digital)

Mas o processo é diferente no caso de ameaças internas, como detectar níveis elevados de CO2 no sangue. Nestes cenários, o tronco cerebral, região que regula as funções corporais inconscientes, como a respiração, que detecta o aumento do CO2, inicia uma sensação de pânico. A amígdala freia essa resposta, evitando o medo, embora ninguém saiba ao certo a explicação para isso.

Alessandro Di Lorenzo
Colaboração para o Olhar Digital

Alessandro Di Lorenzo é formado em Jornalismo pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e atua na área desde 2014. Trabalhou nas redações da BandNews FM em Porto Alegre e em São Paulo.

Bruno Capozzi é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero e mestre em Ciências Sociais pela PUC-SP, tendo como foco a pesquisa de redes sociais e tecnologia.

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