YouTube aceita pagar Trump por excluir sua conta em 2021

Plataforma do Google fechou acordo para encerrar processo que se arrasta desde 2021, sem admissão de responsabilidade
Por Bruna Barone, editado por Rodrigo Mozelli 29/09/2025 22h28
Logo do YouTube em um smartphone que está na mão de uma pessoa e na horizontal
Acordo não deve afetar Alphabet, gestora da plataforma de vídeos (Imagem: Mijansk786/Shutterstock)
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O YouTube vai pagar US$ 24,5 milhões (R$ 130,4 milhões) para encerrar uma ação judicial movida pelo presidente dos Estados Unidos Donald Trump. A plataforma do Google foi processada por remover a conta do republicano após a invasão ao Capitólio em janeiro de 2021. Apesar de o perfil ter voltado à ativa em 2023, o caso ainda estava em aberto.

Pelo acordo, US$ 22 milhões (R$ 117,1 milhões) serão destinados para um fundo do National Mall, em Washington, e para a construção de um salão de baile na Casa Branca. Outros US$ 2,5 milhões (R$ 13,3 milhões) serão repassados a outras partes envolvidas no caso, incluindo a União Conversadora Americana. As informações são da agência de notícias AP.

Donald Trump apontando para a frente; atrás, parte da bandeira dos EUA desfocada
Uma audiência judicial sobre o assunto estava marcada para 6 de outubro, na Califórnia
(Imagem: Jonah Elkowitz/Shutterstock)

O Google confirmou o acordo, que não prevê uma admissão de responsabilidade, mas não fez comentários. Uma audiência judicial sobre o assunto estava marcada para 6 de outubro, na Califórnia (EUA). O valor dificilmente vai impactar a Alphabet (gestora de Google e YouTube), que tem um valor de mercado de quase US$ 3 trilhões (R$ 15,9 trilhões) — um aumento de 25% desde o retorno de Trump ao comando dos EUA.

A invasão ao Capitólio foi orquestrada por apoiadores de Trump que contestavam, sem provas, o resultado das eleições após a vitória do democrata Joe Biden. Na ocasião, cinco pessoas morreram e mais de 140 ficaram feridas. No total, a Justiça estadunidense processou 1,5 mil pessoas pelo caso, com penas que chegam a 22 anos de prisão.

Trump é figurinha repetida

  • Essa é a terceira grande empresa de tecnologia a fechar um acordo para encerrar processos judiciais movidos por Trump sob o argumento de terem silenciado-o injustamente após o fim de seu primeiro mandato. O presidente estadunidense processou também a Meta e o Twitter, antes da aquisição por Elon Musk;
  • No caso da Meta, a empresa concordou em pagar US$ 25 milhões (R$ 133 milhões) para encerrar o processo sobre a suspensão da conta do republicano no Facebook em 2021. Já o antigo Twitter fechou um acordo de US$ 10 milhões (R$ 53,2 milhões);
  • Empresas da grande mídia também foram alvo de processos judiciais envolvendo Trump;
  • Em dezembro, a ABC News concordou em pagar US$ 15 milhões (R$ 79,8 milhões) para encerrar um caso de difamação após o âncora George Stephanopoulos afirmar, no ar, que o presidente havia sido considerado civilmente responsável por estuprar a escritora E. Jean Carroll;
  • E a Paramount desembolsou US$ 16 milhões (R$ 85,1 milhões) por um processo envolvendo o programa “60 Minutes“, da CBS.

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Invasão ao Capitólio foi orquestrada por apoiadores de Trump que contestavam, sem provas, o resultado das eleições (Imagem: Bryan Regan/Shutterstock)

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Buscando alternativas

O banimento de Trump das principais redes sociais levou à criação da sua própria plataforma, a Truth Social, lançada em 2022. Apesar de ter sido autorizado a retornar aos antigos perfis, o republicano optou por se manter ativo em sua própria rede, acumulando 10,6 milhões de seguidores.

A maioria dos usuários tem entre 25 e 34 anos, com um público masculino de 66% e 33%, feminino, de acordo com a plataforma Similarweb. O aplicativo — conhecido por reunir conservadores — tem cerca de dois milhões de usuários ativos, segundo a empresa de dados Demand Sage.

“No ano de 2021, o pêndulo da mídia oscilou perigosamente para a esquerda. O Vale do Silício, a grande mídia e a big tech começaram a silenciar à força as vozes que não se alinham com sua ideologia acordada. As plataformas de big techs desmonetizam, estrangulam e cancelam aqueles que se desviam da narrativa convencional”, diz a descrição do aplicativo.

truth social
Aplicativo foi criado em resposta ao banimento de Trump das principais plataformas (Imagem: Rokas Tenys/Shutterstock)

“Eles não estão apenas censurando o conteúdo – eles estão determinando o que pode e o que não pode ser dito. Ao controlar como as informações são compartilhadas, eles controlam a narrativa. Eles controlam o futuro. Eles controlam você.”

Bruna Barone
Colaboração para o Olhar Digital

Bruna Barone é formada em Jornalismo pela Faculdade Cásper Líbero. Atuou como editora, repórter e apresentadora na Rádio BandNews FM por 10 anos. Atualmente, é colaboradora no Olhar Digital.

Rodrigo Mozelli é jornalista formado pela Universidade Metodista de São Paulo (UMESP) e, atualmente, é redator do Olhar Digital.