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Raio-x, raios UV, micro-ondas, rádio… sempre ouvimos falar em energias invisíveis que possuem os mais diversos usos, efeitos e riscos. Mas, afinal, você sabe o que é radiação?
Para além das aplicações mais comuns e inofensivas desse tipo de energia, a radiação também pode afetar nossos corpos das mais variadas maneiras, podendo trazer tanto benefícios quanto malefícios. Trata-se de um conceito científico intangível, que é invisível e intocável, mas não inexplicável.
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A radiação é uma energia invisível, capaz de atravessar corpos, revelar o interior de estruturas e até mesmo viajar pelo vácuo do espaço. Foi isso que o físico francês Henri Becquerel descobriu, quase sem querer, em 1896, ao notar que sais de urânio manchavam chapas fotográficas guardadas em uma gaveta escura.
O fenômeno, batizado posteriormente de radioatividade por Marie Curie, revelou ao mundo a radiação: uma forma de propagação de energia, seja por meio de ondas eletromagnéticas ou de partículas subatômicas.
Essa descoberta abriu as portas para uma nova era na ciência e na medicina, mostrando uma força de dupla face: essencial para diagnósticos e tratamentos que salvam vidas, mas também perigosa quando fora de controle.
Para entender como a radiação funciona, podemos imaginá-la como diferentes tipos de “projéteis” de energia. As radiações não ionizantes, como a luz visível, as ondas de rádio do seu celular ou as micro-ondas que aquecem a comida, têm energia suficiente para vibrar e aquecer as moléculas, mas não para arrancarem elétrons dos átomos. Por isso, são consideradas mais seguras no dia a dia.
Já a radiação ionizante carrega um impacto muito maior. Fontes como materiais radioativos (urânio, césio), os raios cósmicos do espaço e os aparelhos de raio-x emitem ondas ou partículas com energia tão alta que conseguem “arrancar” elétrons das células por onde passam. Esse processo, chamado ionização, altera a estrutura molecular e pode danificar o DNA. É aqui que mora o perigo e, paradoxalmente, o benefício.
Quando essa alteração celular ocorre de forma caótica e descontrolada, como em um acidente nuclear, ela pode matar células essenciais ou criar mutações que levam ao desenvolvimento de câncer. No entanto, na medicina, essa mesma propriedade é usada a nosso favor.
Por exemplo, a radioterapia “usa radiação para destruir ou impedir o crescimento de células tumorais“, conforme explica o A.C.Camargo Cancer Center, referência no tratamento oncológico.
O segredo, portanto, está na dose, no tipo de radiação e no controle. A tecnologia médica evoluiu para aplicar doses precisas e focadas. “A otimização da proteção radiológica significa que a exposição de indivíduos para fins médicos deve ser a mínima necessária para se obter o objetivo diagnóstico ou terapêutico”, afirma a física médica Dra. Helen Jamil Khoury, professora titular do Departamento de Energia Nuclear da UFPE e uma das maiores especialistas em proteção radiológica do Brasil em “Princípios de Proteção Radiológica em Medicina“.
A radiação está presente em fontes naturais, como a luz do Sol e minerais na terra, e em tecnologias que revolucionaram nosso modo de vida. Seja em um exame que detecta uma fratura ou em uma sessão de radioterapia que salva uma vida, a radiação, quando dominada pela ciência, é uma das mais importantes aliadas da saúde humana. Por isso, o conhecimento sobre seus efeitos e o respeito aos protocolos de segurança garantem que seus benefícios superem em muito os riscos.
Esta post foi modificado pela última vez em 29 de setembro de 2025 19:51