Pesquisadores da University College London (UCL) e do Imperial College London conseguiram demonstrar, pela primeira vez, como antibióticos da classe das polimixinas penetram a armadura protetora de bactérias perigosas.
Esses medicamentos, descobertos há mais de 80 anos, são usados como último recurso contra infecções causadas por bactérias Gram-negativas, que possuem uma camada externa difícil de atravessar.

Descobertas do estudo
- O estudo, publicado na Nature Microbiology, utilizou imagens em altíssima resolução para observar o efeito da Polimixina B em células de E. coli.
- Em poucos minutos, os cientistas registraram o surgimento de protuberâncias e descamações na superfície bacteriana.
- O antibiótico induziu a célula a produzir sua camada externa em ritmo tão acelerado que a estrutura não conseguia se manter, abrindo falhas que permitiram a entrada da droga e, por fim, a morte da bactéria.
Leia mais:
- IA cria antibióticos inéditos contra superbactérias letais
- Bactéria mortal está se tornando resistente aos antibióticos
- Pesquisadores encontram nova arma contra superbactérias

Dormência reduz eficácia e aponta novos caminhos
Os experimentos mostraram que esse mecanismo só funciona em bactérias ativas.
Quando em estado de dormência — estratégia que permite às células sobreviverem a longos períodos desfavoráveis — as polimixinas se tornam ineficazes. Essa descoberta ajuda a explicar por que algumas infecções retornam mesmo após tratamentos intensivos.
Os pesquisadores sugerem que futuras terapias poderão combinar polimixinas com métodos capazes de “acordar” bactérias dormentes, tornando-as novamente vulneráveis. A pesquisa também reforça a importância de considerar o estado fisiológico das bactérias ao avaliar a eficácia de antibióticos.
Diante do avanço da resistência antimicrobiana, que já causa mais de 1 milhão de mortes por ano, o estudo oferece novos caminhos para potencializar medicamentos vitais e enfrentar um dos maiores desafios da saúde global.
