A cor de um animal pode determinar sua sobrevivência – entenda

Se esconder ou chamar atenção? Uma pesquisa global avaliou qual técnica de sobrevivência é mais eficiente no mundo animal
Por Samuel Amaral, editado por Lucas Soares 01/10/2025 07h18
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As cores são essenciais para a sobrevivência no mundo animal. Entre se destacar ou camuflar, pesquisadores examinaram a eficácia dessas estratégias em florestas ao redor do globo. (Imagem: Dirk Ercken / Shutterstock)
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Sumir ou se destacar? Na natureza, a escolha entre se camuflar ou exibir cores chamativas pode definir a sobrevivência de uma espécie. Para avaliar a eficácia dessas duas estratégias, a camuflagem e a coloração de alerta, pesquisadores realizaram um estudo comparativo. Os resultados foram publicados na revista científica Science na última quinta-feira (25).

Pesquisas anteriores testaram esses dois sistemas de sobrevivência em pequenas regiões. Os experimentos revelaram que os níveis de iluminação são essenciais para o sucesso da camuflagem. A coloração de alerta, também chamada de aposematismo, depende mais dos predadores terem experimentado a presa antes e aprendido o sinal.

Aranha marrom com pernas peludas camuflada contra o solo seco. O estudo avaliou a camuflagem em diferentes ecossistemas. (Imagem: Sviatlana80 / Shutterstock)

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Agora, a equipe do novo estudo fez os mesmos experimentos em 16 diferentes países ao redor do globo. O grupo observou as técnicas em florestas dos seis continentes com comunidades únicas de predadores e presas.

Os cientistas espalharam mais de 15 mil mariposas artificiais (feitas de papel) em três colorações: laranja e preto, marrom discreto e uma combinação de azul e preto incomum na natureza. Em cada uma delas foi colocada uma larva-da-farina, usada como “isca”. Quando a larva desaparecia, era a prova de que um predador havia atacado a presa de papel.

Ambiente tem mais impacto nas técnicas de sobrevivência do que pensávamos

As cores escolhidas serviram para testar se a familiaridade ou a visibilidade era o fator-chave para os predadores. Segundo a equipe, o laranja aparece com maior frequência na natureza associado a animais venenosos, enquanto o azul tem menos presença, embora seja altamente visível.

Os pesquisadores descobriram que não há uma estratégia perfeita. O ecossistema em que a presa está inserida é o que define se sua técnica é eficiente.

Em locais com muitos ataques de predadores, onde a competição por alimento é mais intensa, os animais caçadores têm maior probabilidade de atacar presas que parecem desagradáveis. Segundo o estudo, isso indica que a camuflagem foi mais protetora em áreas com muita predação.

A combinação azul e preto é mais rara na natureza. Animais com essa coloração são menos familiares para os predadores. (Imagem: Gianfranco Vivi / Shutterstocl)

No entanto, em ambientes bem iluminados, a camuflagem se mostrou menos eficiente. Enquanto isso, as condições de luz não afetaram o desempenho dos espécimes coloridos.

A familiaridade também foi um fator importante. Onde as presas camufladas eram abundantes, sua técnica se mostrou pouco eficaz. Segundo a equipe, os predadores provavelmente aprenderam a encontrar esses animais escondidos.

Em locais onde as cores de alerta eram comuns, os predadores evitaram o laranja, mas não o azul. Isso sugere que esses animais caçadores aprenderam a detectar os sinais de aviso familiares.

Estudo dá base para pesquisas futuras sobre mudanças climáticas

A nova pesquisa mostra como diferentes fatores do ambiente impactam a estratégia das presas. O grupo notou que a camuflagem depende mais do contexto ecológico do que as cores de alerta. Porém, como as mudanças climáticas têm afetado os ecossistemas, a eficiência dessas estratégias pode mudar.

As descobertas são essenciais para pesquisa futuras, principalmente sobre os efeitos da crise climática nas relações de predação. Os pesquisadores acreditam que seu estudo pode ajudar a prever e mitigar melhor os impactos dessas mudanças globais em diferentes ambientes.

Samuel Amaral
Redator(a)

Samuel Amaral é jornalista em formação pela Universidade de São Paulo (USP) e estagiário de Ciência e Espaço no Olhar Digital.

Lucas Soares
Editor(a)

Lucas Soares é jornalista formado pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e atualmente é editor de ciência e espaço do Olhar Digital.