A China apresentou o LY-1, nova arma a laser desenvolvida para navios de guerra, durante um desfile militar em Pequim recentemente. E o equipamento teria potência de até 250 quilowatts, suficiente para derrubar drones e mísseis em pleno voo, segundo a mídia estatal e revistas militares do país.
Pequim afirma que o LY-1 supera o HELIOS, sistema a laser usado pela Marinha dos Estados Unidos. A revelação é vista como parte da disputa tecnológica e militar entre as duas potências.
No entanto, especialistas alertam que ainda não há provas públicas de que o armamento chinês funcione como anunciado.
China aposta em arma a laser para rivalizar com a Marinha dos EUA
O anúncio do LY-1 não foi apenas uma demonstração tecnológica. Ele se insere na estratégia de Pequim de reduzir a vantagem militar dos Estados Unidos na região do Indo-Pacífico.
Ao lado do laser, o desfile exibiu também um tanque “inteligente” operado remotamente e mísseis de longo alcance. Isso sinaliza a intenção chinesa de mostrar ao mundo que pode projetar poder muito além de suas fronteiras.
O que é o LY-1
O Liaoyuan-1 (LY-1) é descrito pela mídia militar chinesa como um sistema naval de última geração, pensado para atuar como a “última linha de defesa” em navios de guerra.

Com potência entre 180 e 250 quilowatts, o laser teria capacidade para neutralizar drones e mísseis em distâncias curtas, antes de eles atingirem a embarcação.
Além disso, o sistema pode ser integrado às camadas já existentes de defesa aérea — que incluem mísseis de longo, médio e curto alcance. Assim, funcionaria como complemento de baixo custo e resposta imediata.
Segundo publicações estatais, o LY-1 contaria ainda com uma lente de abertura aproximadamente duas vezes maior que a do rival americano HELIOS, o que aumentaria a precisão do disparo.
Há também menções a uma arquitetura modular, que permitiria ampliar a potência com a adição de novos módulos de energia.
No entanto, não há informações sobre em quais navios a China pretende instalar o sistema nem registros públicos de testes práticos em condições de combate.
O que se sabe (e o que não se sabe)
O LY-1 foi revelado durante o desfile militar de setembro em Pequim, que marcou o 80º aniversário da vitória chinesa sobre o Japão na Segunda Guerra Mundial.

A apresentação reforçou o caráter de vitrine do equipamento, projetado para demonstrar avanços militares diante da audiência internacional. Ainda assim, as informações sobre seu real funcionamento permanecem escassas.
Essa falta de transparência contrasta com a postura dos Estados Unidos, que vêm testando e publicando detalhes sobre armas de energia dirigida há anos.
Enquanto a Marinha americana já demonstrou seu laser HELIOS abatendo drones em exercícios navais, a China limita-se a declarações e estimativas de potência em veículos estatais.
O rival americano: HELIOS
Nos Estados Unidos, o sistema HELIOS (High Energy Laser with Integrated Optical-dazzler and Surveillance), desenvolvido pela Lockheed Martin, já está em operação e passou por testes em condições reais.

Instalado no destróier USS Preble em 2022, o laser de mais de 60 kW integra funções de ataque, vigilância e até ofuscamento de sensores inimigos.
Em 2024, a Marinha americana confirmou que o HELIOS derrubou um drone durante um exercício, num raro registro público de uso bem-sucedido.
Além disso, os EUA avançam com outros projetos de energia dirigida, como o Laser Weapon System Demonstrator (150 kW), para ampliar sua experiência nesse campo.
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O que está em jogo
A corrida por armas a laser reflete um esforço global para enfrentar a proliferação de drones e mísseis em cenários de conflito.
Sistemas desse tipo são considerados vantajosos por terem baixo custo por disparo e velocidade de ataque praticamente instantânea, além de funcionarem como complemento a defesas já existentes.

China, Estados Unidos, Reino Unido e Índia investem pesado em energia dirigida. No caso chinês, a revelação do LY-1 veio acompanhada de mensagens políticas: no mesmo desfile, o presidente Xi Jinping afirmou que o país “não se intimida com nenhum agressor”.
Ainda assim, permanece a dúvida sobre a real eficácia do novo armamento chinês. Sem evidências públicas de testes bem-sucedidos, o LY-1 funciona mais como demonstração de força simbólica do que como arma comprovada em campo.
(Esta matéria também usou informações de Interesting Engineering e Navy Times.)