Neuroinflamação: uma nova chave para entender a depressão

Pesquisadores exploram terapias inovadoras — de citocinas a estímulos elétricos — e defendem uma abordagem integrada e humanizada
Leandro Costa Criscuolo01/10/2025 05h06
depressivo
Imagem: KieferPix/Shutterstock
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Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem de transtorno depressivo maior, condição resultante da interação entre fatores genéticos, biológicos, sociais e psíquicos.

Além das hipóteses tradicionais ligadas a neurotransmissores e hormônios, cresce a visão da neuroinflamação como peça-chave no desenvolvimento e persistência da doença.

Pesquisas mostram que redes de citocinas — proteínas que regulam o sistema imune —, quando desajustadas, podem influenciar diretamente o humor. Antidepressivos, além de atuarem sobre neurotransmissores, parecem também modular a resposta imune, reduzindo marcadores inflamatórios.

Ilustração de emoticons representando humor
Evidências apontam que processos inflamatórios no corpo influenciam diretamente o humor, abrindo espaço para diagnósticos e tratamentos mais precisos – Imagem: tomertu/Shutterstock

Novas abordagens terapêuticas

  • Estudos da USP reforçam a necessidade de uma visão transdisciplinar, unindo neurociência, imunologia e endocrinologia.
  • Quando a inflamação se torna crônica, o corpo perde a sensibilidade ao cortisol, danificando regiões cerebrais ligadas às emoções.
  • Isso pode explicar a resistência de parte dos pacientes aos antidepressivos tradicionais.

Entre terapias emergentes estão o uso de interleucina-2 em baixas doses, já aplicada contra o lúpus, e a estimulação do nervo vago, técnica que envia impulsos elétricos para regular a atividade cerebral.

Hábitos como alimentação equilibrada e atividade física também têm efeito anti-inflamatório e auxiliam no controle dos sintomas.

Imagem mostra uma mulher deprimida, deitada sobre a cama com um rosto triste
Cientistas brasileiros investigam como inflamações crônicas afetam o cérebro e podem redefinir terapias contra a depressão – Imagem: Rawpixel.com/Shutterstock

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Caminho para diagnósticos mais precisos

A busca por biomarcadores imunológicos promete tornar o tratamento mais personalizado. Citocinas específicas poderiam indicar predisposição à resistência ou monitorar respostas a medicamentos.

Para os pesquisadores, compreender a depressão exige romper barreiras entre áreas da ciência e humanizar o atendimento clínico. Afinal, o corpo funciona como um sistema integrado em que mente, imunidade e emoções caminham lado a lado.

Descobertas aproximam a medicina de tratamentos mais personalizados para o transtorno depressivo – Imagem: Aonprom Photo/Shutterstock

O texto original sobre o assunto foi publicado no Jornal da USP.

Leandro Costa Criscuolo
Colaboração para o Olhar Digital

Leandro Criscuolo é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Já atuou como copywriter, analista de marketing digital e gestor de redes sociais. Atualmente, escreve para o Olhar Digital.