Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 300 milhões de pessoas sofrem de transtorno depressivo maior, condição resultante da interação entre fatores genéticos, biológicos, sociais e psíquicos.
Além das hipóteses tradicionais ligadas a neurotransmissores e hormônios, cresce a visão da neuroinflamação como peça-chave no desenvolvimento e persistência da doença.
Pesquisas mostram que redes de citocinas — proteínas que regulam o sistema imune —, quando desajustadas, podem influenciar diretamente o humor. Antidepressivos, além de atuarem sobre neurotransmissores, parecem também modular a resposta imune, reduzindo marcadores inflamatórios.

Novas abordagens terapêuticas
- Estudos da USP reforçam a necessidade de uma visão transdisciplinar, unindo neurociência, imunologia e endocrinologia.
- Quando a inflamação se torna crônica, o corpo perde a sensibilidade ao cortisol, danificando regiões cerebrais ligadas às emoções.
- Isso pode explicar a resistência de parte dos pacientes aos antidepressivos tradicionais.
Entre terapias emergentes estão o uso de interleucina-2 em baixas doses, já aplicada contra o lúpus, e a estimulação do nervo vago, técnica que envia impulsos elétricos para regular a atividade cerebral.
Hábitos como alimentação equilibrada e atividade física também têm efeito anti-inflamatório e auxiliam no controle dos sintomas.

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Caminho para diagnósticos mais precisos
A busca por biomarcadores imunológicos promete tornar o tratamento mais personalizado. Citocinas específicas poderiam indicar predisposição à resistência ou monitorar respostas a medicamentos.
Para os pesquisadores, compreender a depressão exige romper barreiras entre áreas da ciência e humanizar o atendimento clínico. Afinal, o corpo funciona como um sistema integrado em que mente, imunidade e emoções caminham lado a lado.

O texto original sobre o assunto foi publicado no Jornal da USP.